Por João Brainer
Clares de Andrade (*)
O pedido de refúgio político da
médica cubana Ramona Rodriguez reacendeu as discussões em torno da fraternal e
sigilosa relação Brasil-Cuba. A ideia maquiavélica de importar mão-de-obra aos
rincões desassistidos de profissionais e, principalmente, de estrutura, não é
recente; e agora ajuda a mostrar que tudo se incubava sob o sigilo já típico da
relação com a ilha caribenha.
Meses após a importação em
massa, os erros cometidos pelo exército branco de Fidel são aberrantes. Há
provas claras que circulam em diversos meios dando conta de atrocidades contra
a saúde alheia. Ainda mais, a quebra de silêncio pela médica Ramona externou ao
mundo como são tratados os médicos cubanos, em comum acordo com a gestão
brasileira. A relação de emprego mostrou-se temerosa, quando acordo de estado
se dá com uma entidade empresarial cubana, o que nada nos garante que não
poderá haver doações, em retribuição ao coleguismo brasileiro, nas eleições do
outubro próximo.
O silêncio que há na mídia,
além da aparente assistência “digna”, não habita no meio médico. O contato com
pacientes oriundos dos ambulatórios de língua espanhola nos faz saber de erros
que, infelizmente, fragilizam ainda mais a população que merecia boa
assistência. As universidades por todo o país, e que deveriam dar o suporte,
supervisão e avaliação prometidas pelo Governo, fecham suas portas, vendo que
não podem macular seus brasões, além da falta de professores dispostos a
igualmente macular suas histórias prestando tutoria a projeto cheio de aleijo e
brechas.
Que o refúgio da médica cubana,
já refutado no alto escalão do Governo, faça valer os direitos da cidadã que se
prestou a imigrar de seu país para a tão calorosa missão apelidada pelo Governo
brasileiro como “solidária”. O que há na verdade é um estado de exceção à
democracia. Há um risco constante à saúde da população, além do discurso
desalinhado do Governo, quando rejeita cidadania a quem lhe presta um bem.. Não
há coerência no programa; não há sentido no discurso... Seria bom que também
pudéssemos pedir asilo.
E garanto que não seria em
Cuba!
(*) Médico formado pela
Uece – turma 2013.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/2/14.
Opinião. p.10.
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