Por Ricardo
Alcântara (*)
Quando Eunício Oliveira recusou o ministério oferecido
pela presidente Dilma, o ministro obteve ali a oportunidade de que tanto
precisava para estabelecer no mercado eleitoral a premissa de que será
candidato. O gesto mexeu com o cenário.
Lá se vai gorda fatia do tempo de propaganda eleitoral e
fica o Partido dos Ferreira Gomes (PFG) ainda mais precisado de aliança com o
PT para manter favoritismo na disputa. A boa notícia é que deseja o mesmo a
maioria dos petistas que decidem.
O Pros, motel da hora para o pernoite governista, tem
pouco tempo de televisão para a campanha. O PT tem mais. E tem o casamento
estável da máquina pública com o movimento social. E tem Dilma. E tem Lula. E
tem o Brasil do pleno emprego.
A conjuntura dá pertinência ao balão de ensaio que coloca
a possibilidade de ser um filiado do PT indicado candidato com apoio do próprio
governador. Tratar-se-ia de Camilo Santana, cuja militância no PT é, digamos
assim, quase metafórica.
Sua candidatura sanaria os problemas ‘tempo de televisão’
e ‘apoio federal’, ambos decisivos para que um governo de popularidade mediana
eleja um sucessor de sua confiança. O PT ocuparia posição privilegiada na chapa
e o Pros faria o senador.
Assim, ficariam livres de outro problema: o constrangimento
de ter José Guimarães candidato ao senado, pois não há só cuecas guardadas
naquele armário. Há rumor de alopração no Banco do Nordeste e um irmão preso
por ordem da corte suprema.
A candidatura de Camilo, afinal um petista, fragiliza a
premissa de neutralidade do governo federal onde houver mais de um candidato da
base aliada – tese fácil, mas execução difícil quando há candidato petista
autorizado pelo comando nacional.
Mesmo rifado na vaga ao senado, Guimarães ocuparia ainda
a alcova do Abolição – ele aceita, nem precisa pedir duas vezes. Mas até onde
Camilo é possibilidade real ou manobra para intimidar Eunício Oliveira? Sabem
lá eles e poucos mais.
(*) Jornalista e
escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre
é cão
sem dono. Se gostou, passe adiante.
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