quarta-feira, 28 de maio de 2014

O CRESCIMENTO DO ENSINO SUPERIOR PERDE ÍMPETO


José Jackson Coelho Sampaio (*)
O Brasil comemora o fato de atingir a marca de 17,3% de seus jovens matriculados no ensino superior. Esta marca é menos da metade da argentina e da chilena, para ficarmos na América do Sul, e esconde problemas: a taxa é bruta, toma a proporção de jovens entre 18 e 24 anos na população e sobre ela rebate os matriculados de qualquer idade.

Nestes matriculados há grande proporção de pessoas com mais de 24 anos, o que requer análise, não da taxa bruta, mas da líquida: a população na faixa etária esperada sobre a qual se rebata os matriculados da mesma faixa. Nesta conta a marca desce aos 14,8%. O desafio brasileiro é imenso, pois precisamos: multiplicar a oferta três vezes, ofertar qualidade acadêmica para que ampliar não vire massificar, oferecer suporte social para a inclusão dos pobres e continuar melhorando o ensino médio.
Nos últimos 20 anos o ensino superior público cresceu 193% e o privado 418%. Evidencia-se a privatização deste segmento intermediário do processo, enquanto a educação básica e a pós-graduação são basicamente públicas. E se olharmos o crescimento comparado educação superior/básica, observa-se que a 1ª cresceu 330%, a 2ª cresceu 123% e a população brasileira cresceu 30%.

Isto significa que a população cresce menos e o crescimento geral do ensino superior não se apropria de fato idêntico na educação básica, pois se alimenta dos alunos fora da faixa etária esperada. No curto prazo, a tendência indica ociosidade de vagas no ensino superior, desta vez por motivo de escassez quantitativa de candidatos, não como agora que a escassez se apresenta por formação insuficiente na educação básica.
As universidades estaduais, representantes de 45% da oferta pública de vagas e grandes formadoras de professores para a educação básica, são parte fundamental da solução, mas os poderes estaduais, em geral, não lhes conferem o apoio necessário e o poder federal lhes repassa encargos e declara não encontrar saída legal para lhes repassar recursos financeiros de manutenção.

(*) Professor titular em saúde pública e reitor da Uece
Publicado In: O Povo, Opinião, de 13/5/14. p.8.

Nenhum comentário:

 

Free Blog Counter
Poker Blog