Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Minhas campanhas
políticas para Deputado Federal, foram difíceis e pobres. A equipe de trabalho
era constituída pelo gordo motorista Vandir, apelidado de sargento Garcia, e o
assessor de “marketing” “para assuntos aleatórios”, Zé Limeira. Este, filho de
Quixadá, ex-chefe dos engraxates do antigo Abrigo Central, era conhecido no
Ceará por ser apaixonado torcedor do Ferroviário (Ferrim). Zé não sabia ler e
nem escrever, porém fez dois livros. O primeiro foi prefaciado por sua amiga, a
imortal Rachel de Queiroz, e o outro tive a honra de fazer a apresentação. Pois
bem, percorríamos por terra, numa D-20, várias sedes dos municípios do Estado,
inclusive muitos povoados. Nossa propaganda eleitoral: santinhos com a oração
de São Francisco, de um lado, e do outro a figura do “Padim Ciço”. Além,
evidente, de mencionar o que fiz e ainda pretendia fazer pelo povo cearense.
Quando o cansaço chegava dormíamos na camionete. Essa luta desigual começava em
julho do ano da eleição. Zé Limeira era o grande incentivador. Conquistávamos
votos no corpo a corpo, como se dizia, visitando mercados públicos, praças,
estabelecimentos comerciais, forrós, quermesses, etc. Campanhas duras, mas
honestas. Certa vez, chegamos a um povoado de um município do Sertão Central.
Estava em festa. Era época da novena do padroeiro. Fomos participar do bingo de
uma porca. Zé Limeira muito entusiasmado teve sorte e “bingou”. Foi buscar o
prêmio e lhe entregaram uma porca de bicicleta. Danou-se, fez uma grande
confusão. Conclusão: na eleição passada eu havia conseguido 188 votos naquele
povoado e na seguinte 26 votos.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 9/6/2017.
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