Isabel Cardoso (*)
O mito existente com relação ao exame e a resistência encontrada na população masculina ainda são muito significativos
O Novembro Azul é uma campanha com ênfase na prevenção e
diagnóstico precoce do câncer de próstata, segunda maior causa de morte dos
homens em muitos países. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a
estimativa em nosso país para 2017 é de 61.200 novos casos, acarretando em
13.772 mortes.
A campanha visa também quebrar o preconceito do homem de
ir ao médico, desmitificando o tabu de realizar o exame de toque retal,
procedimento que mexe com o imaginário masculino devido ao estigma social.
A incontinência urinária, a disfunção erétil e a perda da
autonomia são “fantasmas” que assombram durante o tratamento do câncer de
próstata. O medo, a ansiedade e a negação da doença geram distorção no processo
de comunicação culminando em fantasias que provocam mais sofrimento.
As questões culturais envolvidas no diagnóstico do câncer
de próstata estão relacionadas diretamente ao sentimento social de onipotência
e virilidade masculina que se caracteriza como principal fator da pequena
procura dos homens aos serviços de saúde.
A penetração é considerada como violação, quase sempre
considerada uma experiência dolorosa. Ser tocado em sua parte inferior é um
desconforto físico e psicológico associado a vivências homossexuais. Existe o
medo da ereção durante o exame, pois em nossa cultura a ereção é associada
unicamente ao prazer, não se consegue imaginá-la como uma reação fisiológica.
O mito existente com relação ao exame e a resistência
encontrada na população masculina ainda são muito significativos. Os homens não
gostam de ser considerados “fracos”, carentes de ajuda e têm dificuldade em
expressar seus sentimentos e emoções.
As mulheres procuram mais consultas médicas, declaram
mais suas doenças, tomam mais medicamentos e se submetem mais a exames que os
homens. Devem se enxergar como promotoras do autocuidado, da estimulação a
hábitos de vida saudáveis, incentivando a adesão de seus maridos, filhos, amigos
etc. a consultas e exames periódicos.
Essas ações possibilitam o aumento da expectativa de vida
e a redução dos índices de adoecimento e mortes por causas preveníveis e
evitáveis na população masculina. O acesso a informação também pode ser um
caminho para a procura do profissional de saúde, pois existem outras doenças
relacionadas à próstata que não necessariamente são malignas. A hora de
procurar o médico é agora!
(*) Psicóloga do Instituto do Câncer
do Ceará (ICC).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/11/2017. Opinião. p.11.
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