Por Márcia Alcântara Holanda (*)
Alguns vírus, bactérias, fungos e
partículas poluentes ambientais, são "zilhões", de micro algozes que
vem dizimando a humanidade. Eles ganham o caminho dos pulmões, seus principais
órgãos de choque e de via da morte. Os seres que os recebem podem ser
executados por falência respiratória. São os casos, por exemplo, dos vírus das
gripes: Espanhola (1918), Asiática (1957), Sars-CoV (2003), H1N1 (2009) e agora
do 2019-nCoV (coronavírus). A razão é simples: são os pulmões, os órgãos de
maior extensão de contato do nosso corpo com o meio ambiente. Mais do que nossa
pele. Por isso, são eles que primeiro têm de se haver com tais vírus, que
suspensos no ar, os bombardeiam impiedosamente, noite e dia, nos quatro cantos
da Terra, mas que quando estão em estado hígido, tornam-se os maiores campeões
de defesa, quase imbatíveis, contra esses seus algozes impiedosos, a favor da
vida.
Na imensa maioria das vezes, antes de
serem minados, livram-se desses agressores, na sua porta de entrada: as vias
aéreas superiores. Porém, se por algum motivo: seja por inalação de grandes
quantidades dos invasores, ou do seu grande poder deletério, os mais de
trezentos milhões de alvéolos pulmonares, cuja área de contato com o ambiente é
de 200 m², reagem heroicamente por seus humores e células especiais que
processam e rebatem aqueles, englobando-os, neutralizando-os e até os
destruindo. Só algumas vezes é que sucumbem. É assim que ora está acontecendo
em Wuhan (China), onde se alastra o 2019-nCov pelos pulmões de humanos,
ganhando o mundo. Entretanto, são muitos os que resistem a esse novo algoz da
humanidade: a grande maioria dos que os albergam, têm apenas sintomas de um
resfriado moderado; menos de 9,5% têm pneumonia e 2% vão a óbito. (The Lancet,
20/01/2020). Com vontade política de controlar a virose mortal, é hora de nos
espelharmos no quanto e como o governo chinês tem se comportado para conter a
epidemia do 2019-nCoV, evitando, até agora, uma endemia.
Seu ponto de origem sendo respiratório,
da incubação à doença, medidas simples como tossir, espirrar e falar, com o
lenço na boca e nariz dos doentes e, lavagem assídua das mãos, salvaguardam os
pulmões, minimizando o saldo negativo dessa epidemia.
(*) Médica pneumologista; coordenadora do
Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 13/2/2020. Opinião.
p.19.
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