quarta-feira, 18 de março de 2020

UECE: construção de 45 anos


Editorial de O Povo
Os atropelos da conjuntura concorreram para que o registro de uma data tão importante - os 45 anos de fundação da Universidade Estadual do Ceará (Uece), ocorrido ontem, só seja celebrado hoje, neste espaço. No entanto, uma efeméride como essa nunca se circunscreve à bitola cronológica, pois irradia mais além da linearidade do tempo e das amarras espaciais, como tudo que está relacionado ao saber.
Surgida em 1975, em tempos de constricção do livre pensar, conseguiu ultrapassar os empecilhos que poderiam ter obstaculizado seu itinerário e a impedido de estar mais preparada para enfrentar, mais uma vez, uma conjuntura nacional de horizontes novamente turbados por ameaças de novos estreitamentos dialógicos. Contudo, desta vez, conta com a experiência adquirida que lhe permite tirar de seu baú referencial "coisas novas e velhas" que, devidamente pesadas e repesadas, possam orientá-la nos incertos caminhos de uma conjuntura nacional nebulosa, em busca de um futuro mais confiante. Para isso, conta, hoje, com um entorno político regional e local (que é seu leito), mais dotado de descortino para lhe assegurar uma pista de voo livre de amarras pretéritas, isto é, de quando lhe faltava esse entorno democrático para lhe dar a cobertura requerida contra eventuais ameaças de um poder central de tendência sufocante, em termos de visão de mundo e de liberdade intelectual.
Seu começo foi naquele 5 de março de 1975, ao incorporar patrimonialmente as seis escolas originárias: Enfermagem (1943), Filosofia (1950), Serviço Social (1953), Administração (1961), Veterinária (1963) e Fafidam (Limoeiro do Norte, 1968). Foram essas unidades que permitiram o surgimento dos primeiros cursos de graduação aos quais outros foram somados. Tudo costurado pelo visionarismo de seu primeiro reitor, o professor Antônio Martins Filho, que com seu reconhecido empenho e dedicação conseguiu, junto às autoridades federais, o reconhecimento da nova Universidade, diante da promessa de abrir novas possibilidades de desenvolvimento para o Estado e para a Região.
Hoje, distribui-se por 13 campi presenciais, 28 polos de Educação a Distância (EaD), 45 polos de educação profissional, 28 mil alunos em 78 cursos de graduação, 93 especializações, 31 mestrados, 15 doutorados, 800 servidores técnico-administrativos e 1.128 professores, dos quais 60% são doutores ou pós-doutores, atuando em 173 grupos de pesquisa e atendendo 164 mil pessoas em projetos de extensão/ano. Trata-se de uma história de sucessos, além fronteiras.
Seu desafio é ser um instrumento que permita ao povo do Ceará ter uma base própria de discernimento para traçar o seu futuro, apoiado no conhecimento e no compromisso indiscutível com a democracia e o pluralismo, e vacinado contra qualquer investida obscurantista.
Fonte: Publicado In: Editorial de O Povo, de 6/3/2020. Opinião. p.16.

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