Lauro
Chaves Neto (*)
Após sair da pior recessão da História, o Brasil vem
crescendo, aproximadamente, 1% nos últimos anos e se projeta uma taxa acima de
2% para 2020. O crescimento da economia precisa ser alavancado para taxas acima
de 3 a 4%, além de serem necessárias políticas que reduzam as desigualdades
sociais e promovam um maior equilíbrio territorial.
O desenvolvimento industrial
funciona como catalisador de toda a economia, tanto por seu efeito
multiplicador como por sua capacidade de agregar valor em toda a cadeia
produtiva. Vários indicadores econômicos acusam uma melhora, mas a recuperação
industrial apresenta-se mais lenta, tendo recuado 1,1% em 2019 após crescer
3,5% no acumulado de 2017 e 2018. Além dos gargalos de curto prazo, é na
indústria que grande parte das barreiras estruturais para o crescimento
sustentado da economia se manifestam com mais intensidade.
A inovação deve ser intensificada,
para isso as universidades e os institutos de pesquisa precisam atuar de forma
integrada ao setor produtivo; a indústria paga a maior carga tributária no
Brasil, o sistema precisa ser mais justo e simples; a infraestrutura deficiente
é outro calo a machucar a eficiência do setor industrial; a internacionalização
pode ser uma estratégia para absorção de tecnologia de ponta, abertura de novos
mercados, oportunidades de alianças e parcerias.
A retomada do crescimento da
indústria vai exigir a qualificação de colaboradores e empreendedores, sendo
fundamental fortalecer as ações do Sistema S e das instituições de ensino.
Sesi, Senai, Sebrae e IEL devem assumir um protagonismo cada vez mais
determinante nesse processo.
A obtenção de maiores taxas de
crescimento depende da elevação nos investimentos, sendo necessário atrair mais
investimentos estrangeiros, além de baratear e desburocratizar o acesso ao
crédito, já que a formação de poupança interna é insuficiente.
Esses elementos precisam ser
consolidados em uma política industrial e não abordados isoladamente, pois
devem ser os pilares da retomada de um maior dinamismo industrial em
contraponto à agenda de protecionismo generalizado e desonerações sem critérios
e/ou contrapartidas.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte:
O Povo,
de 10/2/20. Opinião. p.14.
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