Por Luiz Gonzaga Fonseca
Mota (*)
Padre Cícero, cearense do
Cariri, religioso por convicção e sentimento, como também político em razão de
fatores circunstanciais, nunca abandonou os princípios básicos da justiça
social, da oração e do trabalho. Falar ou escrever sobre a vida e a obra do
grande Padre Cícero Romão Batista- “Padim
Ciço”- poderia ser mais um texto biográfico,
dentre vários brilhantes, mostrando sua luta em favor dos mais humildes. Foi
responsável pela expansão da fé não só no Nordeste do Brasil, mas no restante
do País e com reflexos em outros. Como sua vida não foi analisada com a
merecida ênfase, tomando-se por base aspectos teológicos e filosóficos, fez-se
do ilustre patriarca uma figura polêmica, quando na verdade deveria ser uma
unanimidade. Padre Cícero, a rigor, seguiu o tomismo, ou seja, o pensamento de
Santo Tomás de Aquino, tendo por ponto fundamental a doutrina escolástica,
buscando a harmonia entre o racionalismo aristotélico e os ensinamentos do
cristianismo. A doutrina de Aristóteles caracterizou-se pela diversidade e
complexidade temática, bem como pela sistematização e aperfeiçoamento de todos
os saberes de seu tempo. Ademais, ninguém pode negar que Padre Cícero também se
inspirou na filosofia metafísica cristã de Santo Agostinho (Escola patrística).
Este tomou por base a doutrina de Platão, caracterizada por ideologias eternas
e transcendentes, importantes para a consolidação do comportamento moral e da
organização política. Pode-se dizer que Padre Cícero foi um discípulo de Santo
Tomás de Aquino e de Santo Agostinho. Lamentavelmente, muitos não entenderam e
não comentaram. Como católico praticante, acredito ser necessária uma análise
mais profunda das atitudes e do pensamento do Padre Cícero, à luz das doutrinas
básicas da igreja, envolvendo diretrizes filosóficas e teológicas. Salve nosso
querido Padre Cícero.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 21/2/2020.
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