Por Weiber Xavier (*)
A
pandemia da Covid-19 vem colocando outras demandas extraordinárias no cronicamente
frágil sistema de saúde brasileiro. Além de ter o potencial de causar
interrupções substanciais nos serviços de saúde, devido aos casos que
sobrecarregam o sistema existem ainda limitação às atividades usuais no
tratamento de doenças crônicas como o diabetes.
Segundo
estudo da Universidade de Washington, duas das três principais causas de
incapacidade e morte prematura globalmente podem ser atribuídas a doenças não
transmissíveis (DNTs).
Pesquisa
da OMS em 155 países mostrou que 53% dos países pesquisados interromperam os
serviços de tratamento da hipertensão, 49% o tratamento de diabetes, 42% o
tratamento de câncer, 31% das emergências cardiovasculares, 50% no rastreamento
de câncer de mama e de útero, afetando principalmente os países de baixa renda.
Segundo
a pesquisa pessoas que vivem com DNTs correm maior risco de doenças graves
relacionadas a Covid-19 e de morte. As razões mais comuns para descontinuar ou
reduzir os serviços foram devido ao cancelamento dos tratamentos planejados,
uma diminuição no transporte público e, portanto, restringindo a capacidade dos
pacientes de se deslocarem aos centros de saúde, bem como a falta de pessoal
porque os profissionais de saúde foram transferidos para apoiar serviços com a
Covid-19.
Além
do impacto econômico, o stress psicológico da pandemia é enorme, levando muitos
pacientes a ficarem em casa a todo custo, não procurando assistência médica
para as consultas regulares e, inclusive, situações de emergência sendo
postergadas. O acesso reduzido a cuidados, medicamentos e diagnósticos para
pessoas com diversas condições clínicas pode levar a um aumento de mortes por
causa desses problemas subjacentes. Eventualmente, isto pode levar a mais
morbidade e mortalidade do que a causada pelo própria Covid-19. Manter as
atividades mais críticas de prevenção e serviços de saúde fortalecidos e bem
equipados além de conscientizar a população para continuar o tratamento de
outras doenças crônicas podem reduzir substancialmente o impacto geral da
pandemia.
(*) Médico
e professor de Medicina da UniChristus.
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