Por Tales de Sá Cavalcante (*)
2020
entrou para a História. Um vírus decretou prisão domiciliar a quase todos os
humanos, embora sem delito algum cometido. E alguns estão a considerar o estado
atual idêntico à sensação expressa por Herman Melville no livro Moby Dick: uma
"loucura enlouquecida".
Nem
todos souberam enfrentar o vírus. O Brasil e muitas outras nações têm o
problema sanitário a encarar e, depois, o econômico. Prevenir a Covid-19 é
difícil quando o hábito de lavar as mãos é inviável para 31,3 milhões de
brasileiros que vivem sem água encanada e 74,2 milhões que moram em áreas sem
coleta de esgoto, conforme divulgado pela imprensa. E a economia terá que
iniciar pelo melhor programa social, segundo Ronald Reagan: o emprego.
Todos
fomos atingidos, e os governantes não tomaram decisões conjuntas. Houve dois
grandes empecilhos para tal. A falta de uma liderança mundial e a ausência da
elaboração simultânea e no início do surto de um plano para a saúde e outro
para a economia em níveis global, nacional, estadual e municipal. Não foi
seguida a máxima de José Raimundo Costa, um dos pilares da história do O POVO,
que dizia: "Quem planeja trabalha a metade e produz o dobro."
Uns
pensaram apenas no aspecto econômico, e outros se concentraram em vidas a
salvar. No Brasil, o presidente ficou a disputar um cabo de guerra com os
governadores. Se tivessem trocado os puxões na corda por mãos entrelaçadas e
unidas, talvez não tivéssemos chegado a mais de 100 mil mortes (dados
oficiais). Afinal, o adversário é o vírus. As decisões sanitárias seriam
tomadas por profissionais da saúde, e os demais agentes restringir-se-iam ao
respeito à ciência. Pessoas que não são da área sanitária palpitarem sobre
remédios e pandemia é como alguém de Ciências Humanas opinar sobre Engenharia
Aeroespacial no recente lançamento do foguete Atlas V rumo a Marte. Os EUA até
poderiam ser o país candidato a líder, porém o seu presidente não. Enfim,
faltam-nos líderes e estadistas.
Edgar
Linhares, pai do sucesso educacional de Sobral, dizia: "Não existe escola
boa com diretor ruim." De igual modo, a Covid-19 será vencida se o líder
do combate for bom.
(*) Reitor do FB
UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia
Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 13/08/20. p.20.
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