terça-feira, 15 de dezembro de 2020

TERRA

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Há 51 anos, nos porões da Ditadura, Caetano Veloso viu uma foto a mostrar a magnanimidade do azul de um sólido quase esférico: a inédita vista da Terra a partir do espaço sideral. E surgiram lindos versos, entre os quais: "Quando eu me encontrava preso / Na cela de uma cadeia / Foi que eu vi pela primeira vez / As tais fotografias / Em que apareces inteira / Porém lá não estavas nua / E sim coberta de nuvens". Era criada a música Terra.

Em 22 de setembro, às 10h31min, o Sol se alinhou ao plano do Equador, com sua luz a incidir da mesma forma sobre os dois hemisférios. Abriram-se as pétalas. Naturalmente, brotaram as flores. A Natureza (com N maiúsculo, como desejamos) reciclou-se na esperança de que as pessoas rejuvenescessem. Chegou a Primavera, a trazer boas e novas lições de vida. Podemos aproveitar esta estação para iniciarmos uma nova era nos cuidados com o meio ambiente.

Vivemos numa sociedade que muito maltrata o nosso planeta, a ponto de uma minoria planificar um sólido redondo. E uma maioria acredita que, para ser feliz, é preciso acumular bens tangíveis, pois o consumismo instituiu a ilusão da felicidade que se compra, de acordo com uma visão puramente materialista.

As lições de preservação ainda não foram aprendidas. E, às vezes, quem ensina é alguém ainda na adolescência, como Greta Thunberg e Malala Yousafzai, aliadas aos princípios da Unesco, a provar ao mundo que ser uma voz ativa por causas como Educação, Direitos Humanos e Meio Ambiente independe de idade, gênero, raça, crença.

Faltam mediadores entre os que defendem o progresso em detrimento da proteção ambiental e os que praticam a recíproca. Um paradigma similar ao das escolas que preparam para a vida a esquecer os desafios e das que, voltadas a estes, desprezam os valores humanos. Também aqui, a virtude está em fazer as duas coisas. E, no caso da Natureza, realizar ambas significa conseguir o sonhado desenvolvimento sustentável.

Que os terráqueos cuidem bem de sua morada porque, como versou e musicou Caetano, "Terra, Terra / Por mais distante / O errante navegante / Quem jamais te esqueceria? 

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 5/11/20. p.18.

Nenhum comentário:

 

Free Blog Counter
Poker Blog