Escrevi no inicio
de 2014 uma crônica intulada “Cultura
não é Divertimento”, da qual cito um
trecho:
...Na escala
zoológica, alcançamos o cume da evolução graças à capacidade de produzir a
verdadeira cultura e de passá-la às gerações sucessivas, que a aprimorarão cada
vez mais.
Lendo Zygmund
Bauman no seu “Para que serve a sociologia?” ed. Zahar –tradução para o
português (2015), passei a olhar a cultura de um maneira mais ampla, em
especial quanto ao seu significado, não importando as adjetivações com as quais
venha acompanhada: cultura popular, cultura clássica, cultura erudita, cultura
da imagem, cultura da internet, etc.
Não devemos
esquecer que o termo cultura - ou seus equivalentes - passou ao vocabulário
popular no fim do século XVIII, como se não tivesse havido cultura grega,
medieval ou, bem antes, paleolítica.
O senso comum
(conhecimento gerado com o que pensamos, mas raramente refletimos), leva-nos a
problematizar, confundir, complicar o que é natural (aqui, referente à natureza
das coisas), criando problemas onde não os há... para deleite dos eruditos,
intelectuais, acadêmicos ou departamentos universitários.
Mas, voltando à
minha autocitação inicial em que menciono escala zoológica e cultura digo:
As emoções humanas (do
Homo sapiens) são criadas pelo reconhecimento da importância da
mortalidade. Fato que torna os humanos numa singularidade no Planeta. Os
animais e os vegetais não sabem que são finitos, portanto desconhecem a agonia
de saber que vão morrer.
O modo humano de
ser pessoa, gente, cidadão, está em sermos os únicos “objetos” vivos que sabem
que não são eternos. Os animais, apesar de possuírem o instinto de preservar
sua existência, ignoram o fato de que vão morrer. Julgam-se imortais.
A cultura, seja
qual for o sentido que possamos lhe dar, não passa de um mero esforço — embora
permanente — da tentativa de tornar suportável a vida, enquanto a morte não
vem. A cultura não morrerá nunca... enquanto vivos estivermos.
Ela é imortal.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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