Por João César de Melo
Já que, enfim, Lula está sendo enquadrado
pela justiça, creio ser pertinente fazermos um breve resumo do seu primeiro
mandato, no qual foi iniciada a degradação política e institucional que enoja a
sociedade brasileira.
Em 1° de janeiro, a cerimônia de posse foi
precedida por shows de música que entreteram 100 mil pessoas na Esplanada dos
Ministérios.
No Congresso Nacional, diante de uma plateia
que contava com as presenças de Fidel Castro e de Hugo Chaves, Lula utilizou
seu discurso para filosofar sobre honestidade e ética. “Ser honesto é mais do
que não roubar; é também aplicar com eficiência e transparência, sem
desperdícios, os recursos públicos”, disse. Foi aplaudido de pé.
Na mídia, não havia espaço para nada além da
celebração do “homem do povo” que havia chegado à Presidência da República.
No Parlatório, um sorridente Fernando
Henrique Cardoso passou a faixa presidencial à Lula como quem passa o comando
da churrasqueira ao melhor amigo.
No Palácio do Planalto, uma grande festa
organizada pelo marqueteiro Duda Mendonça (ex-marqueteiro de Paulo Maluf) foi
oferecida às delegações estrangeiras e a convidados especiais.
O primeiro time ministerial promoveu as
primeiras bizarrices do governo Lula, destacando-se as propostas de se dar “uso
mais social” às forças armadas. O ministro dos esportes propôs abrir os
quarteis para práticas esportivas. O ministro dos transportes propôs mandar o
exército construir estradas. O ministro da educação propôs utilizar o exército
para erradicar o analfabetismo. O exército foi indicado até para acabar com a
pobreza.
Ao mesmo tempo em que reafirmava o
compromisso de erradicar a miséria, Lula criava secretarias, distribuía cargos
e dava plena liberdade para seus companheiros se utilizarem do dinheiro público
como bem quisessem. Quanto mais próximo ao presidente, mais liberdade se tinha.
Gastos, de todos os tipos, foram multiplicados em questão de meses. Apenas o
Palácio do Planalto gastou, por meio dos cartões corporativos, R$ 125 milhões
naquele ano.
Ficava evidente o caráter demagógico do PT.
Quando Fernando Henrique Cardoso criou os tais cartões corporativos, os
petistas prometeram investigar seus gastos assim que pudessem. Logo após Lula
tomar posse, o sigilo desses gastos passou a ser uma questão de segurança
nacional.
Evidenciou-se também a estratégia de calar
adversários entregando-lhes nacos do poder. Ciro Gomes, o mais ferrenho crítico
do PT durante a campanha eleitoral do ano anterior, na qual também era
candidato à presidência, aquietou-se logo que recebeu de presente o Ministério
da Integração Nacional, criado especialmente para ele.
Comprovando que socialistas gostam mesmo é
de luxo pago com dinheiro dos outros, uma das providências do novo governo foi
reformar e reaparelhar a Granja do Torto e o Palácio do Planalto. Aviário e
sala de ginástica foram construídos. Numa das listas de compras, constavam 2
mil latinhas de cerveja, 610 garrafas de vinho, 150 jogos de cristais lapidados
a mão, 600kg de bombons, 2 mil vidros de pimenta envelhecidas em barril de
carvalho e 6 mil barras de chocolate. Enxovais novos também foram encomendados,
destacando-se os roupões feitos de fios egípcios.
Lula não esperou chegar nem na metade de seu
primeiro ano no poder para assinar um decreto que dava total poder ao Ministro
da Casa Civil, José Dirceu, para criar cargos de confiança e nomear quem
quisesse para ocupá-los. Resultado: 15 mil cargos criados em oito meses de
governo.
O jeito petista de distribuir cargos foi
simbolizado pela nomeação de Paulo Okamoto a uma das diretorias do SEBRAE. O
detalhe é que o agraciado havia pago despesas pessoais de Lula no ano anterior
− dois anos depois, Okamoto foi alçado à presidência da empresa e em 2011
ajudou a fundar o Instituto Lula, do qual é o atual presidente.
Não havia pudores. Como diretora do
Instituto Nacional do Câncer, foi nomeada uma senhora cuja experiência se
resumia a pasta de parques e jardins da prefeitura do Rio de Janeiro.
No esforço de se apagar da história toda e
qualquer medida positiva do governo anterior, os programas sociais criados por
FHC foram unificados e batizados como Bolsa Família, nome dado por Duda
Mendonça.
Pouco antes, fora criado o programa Fome
Zero, que consumiu R$ 24 milhões para ser idealizado, mas que foi lançado sem
ter sequer uma conta bancária aberta para receber as doações. Para gerenciá-lo,
foram criadas seis secretarias e um ministério. A Secretaria da Mobilização
Social foi instalada no Palácio do Planalto, mas ficou ali por pouco tempo.
Algumas semanas. Assim que o programa foi anunciado, o gabinete foi transferido
para um anexo na esplanada. Em seu lugar foi instalado o “gabinete” da
primeira-dama, Marisa Letícia, uma inovação do governo petista.
O programa Fome Zero fracassou, assim como o
programa Primeiro Emprego que, após um ano, havia criado menos de 600 empregos.
João Paulo Cunha, então Presidente da
Câmara, também inovou ao chamar o batalhão de choque da PM para conter as manifestações
contra a reforma da previdência. Pela primeira vez na história do Brasil, a
polícia desceu o pau dentro do Congresso Nacional.
O primeiro petista corrupto a ser agraciado
com a proteção do governo foi o então governador de Roraima, acusado pela
Polícia Federal de ter desviado nada menos do que R$ 200 milhões.
O primeiro petista a abandonar o partido foi
Fernando Gabeira, indignado com a complacência de Lula em sua visita a Cuba na
época em que Fidel Castro havia mandado fuzilar três e condenado à morte quatro
opositores.
A primeira reunião do Diretório Nacional do
Partido dos Trabalhadores desde que Lula havia sido eleito ocorreu num luxuoso
hotel de Brasília. Nela se definiu a aliança com o PMDB. José Sarney, de
histórico vilão foi convertido a aliado importante e muito bem recompensado. Só
em seu estado, o coronel maranhense indicou 36 pessoas para cargos em órgãos
federais.
A generosidade com que Lula tratava seus
apoiadores provocou uma onda migratória no Congresso. Só não foi para a base do
governo quem não quis. O PMDB passou de 69 para 77 deputados. O PTB passou de
41 para 55. O PP passou de 43 para 47. O PL passou de 33 para 43. O PSDB e o
PFL (DEM) perderam 12 e 8 deputados, respectivamente.
Lula bateu todos os recordes de viagens. A
países do terceiro mundo e sem relevância comercial, foram 21 visitas, sempre
levando centenas de pessoas nas comitivas. Perdoou dívidas, anunciou
financiamentos e fez doações a ditaduras africanas.
Parecendo ainda estar em clima de campanha,
Lula era visto quase todos os dias em algum palanque esbravejando contra as
elites e elogiando a si mesmo.
Nota do Blog: Optamos por postar
por ano o artigo integral publicado por Rodolfo Constantino no Instituto
Liberal. A bibliografia recomendada
constará na última postagem.
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