Por João César de Melo
Já
que, enfim, Lula está sendo enquadrado pela justiça, creio ser pertinente
fazermos um breve resumo do seu primeiro mandato, no qual foi iniciada a
degradação política e institucional que enoja a sociedade brasileira.
Seu segundo ano na presidência começou com o
Ministério do Planejamento anunciando a substituição do avião presidencial,
conhecido como “sucatão”. Uma ideia rejeitada por Fernando Henrique Cardoso sob
o argumento de contenção de despesas. Lula optou por um modelo da Airbus em vez
de um modelo semelhante, fabricando pela Embraer. Foram gastos R$ 57 milhões na
compra da aeronave e U$ 13 milhões em sua decoração.
No mês de fevereiro eclodiu o primeiro o
escândalo de corrupção envolvendo o poder executivo. Waldomiro Diniz, assessor
de José Dirceu, foi flagrado em vídeo cobrando propina para o PT e para ele
próprio. Foram apenas dois dias de desconforto. Logo Lula e toda a militância
petista saíram em defesa do acusado. Semanas depois, também veio a público o
envolvimento de Delúbio Soares, tesoureiro do PT.
Iniciava-se uma longa e contínua pauta
política-policial envolvendo membros graúdos do Partido dos Trabalhadores.
Um mês depois da divulgação da fita do
Waldomiro, o governo conseguiu impedir a criação da CPI que investigaria a
morte do petista Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, cujo assassinato era
visto por muitos como queima de arquivo, já que a vítima foi apontada pelo seu
próprio irmão como membro de um esquema de cobrança de propina em benefício de
campanhas do PT.
Para impedir que o assunto dominasse a mídia,
foi anunciada a Expo Fome Zero, um evento que daria pauta positiva ao governo.
O detalhe é que o evento seria organizado pelo Ministério da Segurança
Alimentar, extinto semanas antes. Lula fez uma dúzia de discursos sobre o
evento que não foi realizado.
As inovações petistas continuavam: Lula foi o
primeiro Presidente da Republica pós-regime militar a expulsar um jornalista do
país. A vítima foi Larry Rotter, do New York Times, que ousou escrever uma
matéria sugerindo que Lula bebia demais.
No mesmo mês de maio a Polícia Federal
desencadeou a Operação Vampiro, que levantou um desvio de mais de R$ 2,3
bilhões dos cofres públicos. Entre os envolvidos, o então ministro Humberto
Costa (atual líder do governo no senado) e novamente Delúbio Soares,
posteriormente condenado no processo do mensalão.
Veio a público também que o petista José
Mentor (hoje investigado pela Operação Lava Jato) se utilizava de documentos e
informações da CPI do Banestado, da qual era o relator, para extorquir
empresários.
Desde que Lula subiu a rampa do Palácio do
Planalto, o uso da máquina estatal e do dinheiro público passou a ser um
procedimento tão rotineiro que os petistas não se davam nem ao trabalho de
esconder seus feitos. Um exemplo: Para angariar fundos para a construção de sua
sede em São Paulo, o PT promoveu um show privê do Zezé de Camargo e Luciano
numa famosa churrascaria e mandou o Banco do Brasil comprar os ingressos ao
custo de R$ 1 mil cada um.
Entre os absurdos cotidianos e as sistemáticas
negações e retóricas de Lula e do PT, o governo tentou aprovar o Conselho
Federal de Jornalismo, eufemismo para órgão de censura, que teria a missão de
“orientar, disciplinar e fiscalizar” a atividade dos jornalistas, prevendo um
código de conduta e penas para os infratores.
Era apenas o segundo ano de governo e os
petistas já se sentiam acima da lei, da ética e da moral. Quando um vereador
petista foi preso numa rinha de galo na companhia de Duda Mendonça, tudo foi
resolvido com um telefonema dado pelo marqueteiro ao ministro da justiça. O
flagrante não provocou o repúdio de nenhum artista e de nenhum grupo de defesa
dos direitos dos animais. Na imprensa, o caso mereceu pouca atenção.
Era ano de eleições municipais e o Partido dos
Trabalhadores nunca se vira com tanto dinheiro em caixa. Desde que Lula foi
eleito, seus recursos foram multiplicados. Em 2004, o PT gastou em suas campanhas
mais de R$ 100 milhões de reais, enquanto PSDB, PFL (atual DEM) e PMDB
gastaram, somados, R$ 90 milhões. Em São Paulo, a campanha da Martha Suplicy à
prefeitura contratou 4 mil cabos eleitorais.
A quase totalidade da imprensa negou-se a
fazer um simples questionamento: De onde vinha o dinheiro?
O clima eleitoral desviou o foco da notícia
dos 800 kg de camarão comprados pelo ministério da defesa de uma só vez, mas
bastou as eleições terminarem para a Polícia Federal deflagrar a Operação
Pororoca, enquadrando petistas até então anônimos no crime de desvio de mais de
R$ 100 milhões, no Amapá.
Foi nesse ano que Lula gravou seu bordão “Sou
brasileiro, não desisto nunca”. Bordão coerente com os dias em que vivemos
hoje, com o próprio Lula insistindo em ser visto e tratado como Deus.
Nota do Blog: Optamos por postar
por ano o artigo integral publicado por Rodolfo Constantino no Instituto
Liberal. A bibliografia recomendada
constará na última postagem.
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