Pedro
Henrique Saraiva Leão (*)
É a antiga Praça das Flores, renomeada (15/5/2016)
Praça Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, pai daquele. É bem que tenha sido
assim. As flores, embora marcessíveis (pois murcham) não precisam ser regadas para
delas nos lembrarmos, seu aroma quedando-se no ar. Tal não acontece com as
pessoas, muita vez olvidadas pela posteridade esquecediça, e desdenhosa. O dr.
Carlos Alberto Studart foi uma das figuras solares da pneumologia (pulmões)
entre nós.
Por 39 anos (1944-1983), dirigiu com zelo e
clarividência o então Sanatório de Messejana, habilitando nosso Estado para
acudir ao crescimento epidemiológico das cardiopatias vasculares no Brasil. Em
agosto, no Norte e Nordeste brasileiros, 1970, foi ali realizada, com
precedência, a primeira operação cardíaca com circulação extracorpórea para
transplante. Naturalmente, com justiça, essa casa de saúde – hoje de referência
nacional – foi reconhecida com o augusto nome de Hospital (de Messejana) Dr.
Carlos Alberto Studart Gomes. Dele podemos afirmar, em verdade, ter sido qual
flor amarantina, imarcessível, que não feneceu (murchou) como diziam os gregos.
Justíssimas, portanto, todas estas homenagens.
Como salientamos no O POVO em 9/x/2013 (“Mais Brasil
para os médicos”), ali, já em 2009, seus cirurgiões cardíacos, liderados pelo
dr. Juan Mejia conseguiram o pronto apoio financeiro do empresário Jorge
Alberto Vieira Studart Gomes (da BSPar) para a fabricação do primeiro coração
artificial brasileiro, antecipando-se aos paulistas (USP) em três anos. Foi
dessarte desenvolvida em nossas plagas, o Ax-Tide, originalíssimo coração
mecânico a ser usado como prótese temporária até o transplante. Tudo bancado,
nacionalmente, sem insumos outros, pela Studheart Technologies, a qual, até
àquela data, já havia investido R$ 6 milhões.
Diferentemente do badalado engodo lulopetista, este,
sim, é mais Brasil para os médicos, outra ferramenta terapêutica, e não
demagogicamente lido ao contrário. Vale aqui salientado que – pelos padrões internacionais
– nós temos médicos suficientes. Faltam-lhes, contudo, estetoscópios,
tensiômetros, películas de raios X, até gaze, esparadrapo. Aliás, em 2012, o
Brasil deixou de aplicar R$ 17 bilhões na saúde! E esta só conta oficialmente
com R$ 2/dia/pessoa!
Deduz-se dali outro exemplo edificante do espírito
humanitário e fraterno do amigo Beto Studart, um dos faróis do empreendedorismo
no Ceará. Ocorreram-me estas considerações há pouco, manhãzinha cedo, ao
contornar aerobicamente não mais outro malcuidado logradouro público, mas uma
praça nova, civilizada, praça do povo, como o céu é do condor, com pombos
arrulhantes e ronronantes gatos. Parabéns! Nossos corações agradecem. É assim
que deve caminhar a humanidade.
(*) Professor Emérito da UFC.
Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo,
Opinião, de 27/7/2016. p.10.
Pedro
Henrique Saraiva Leão
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