Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)
Vocação inclui a vida total, o propósito de servir.
A vocação tem a dimensão da abertura ao próximo à solidariedade.
Antes de começarmos
nossa reflexão sobre vocação, é necessário sabermos o que significa. A palavra
vocação vem do latim vocare, que
significa chamado. Todos nós somos chamados a algo, a dar um sentido para a
vida. Muitos questionam: qual a diferença entre vocação e profissão?
Vocação inclui a
vida total, contém o propósito de seguir e servir. A vocação possui a dimensão
da abertura ao próximo à solidariedade. A dimensão que se dá na relação do
homem na transformação do mundo.
Profissão é a
carreira que a pessoa escolhe livremente para seguir e desenvolver, em uma ou
mais atividades visando à remuneração ou ao ganho pessoal. A profissão pode ser
mudada de acordo com o mercado de trabalho ou a vontade de cada indivíduo.
Nas Sagradas
Escrituras, encontramos grandes exemplos de vocação. Abraão é um vocacionado de
Deus. Ele escuta a voz de Deus, que chama: “Parte da tua terra, da tua família e
da casa de teus pais para a terra que eu te mostrarei” (Gn 12, 1). E
Abraão, aos 75 anos, se desinstala e vai para onde o Senhor o envia.
No Livro do Êxodo
encontramos a vocação de Moisés. Deus chama Moisés (pelo nome) numa chama de
fogo, do meio de uma sarça que ardia, mas não se consumia. E ele responde
prontamente: “Eis-me aqui” (Ex 3, 1-15). E Moisés vence a gagueira, usando seu irmão como
intérprete. Assume sua vocação e se torna o libertador do povo oprimido (Ex 3,
1-15; 4, 1-17; 6, 2-13: 6, 28-30; 7,1-7).
O primeiro Livro
dos Reis narra a vocação de Elias, que deixa a corte para viver no meio do
povo. Na sua vocação de profeta, Elias fala em nome de Deus, denuncia as
injustiças, age na defesa dos pobres (1Rs 18.19).
Sobre a vocação de
Jeremias, a narrativa é belíssima e, mais uma vez, mostra que o medo e as
limitações humanas são inerentes à vocação. Jeremias, que ainda no seio materno
foi constituído profeta para as nações (cf. Jr 1,5), de tanto medo, apela para
o não saber falar, por ser apenas uma criança (cf. Jr 1,6) e depois vai dizer:
“Seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir”, demonstrando como compreendeu o
mistério da vocação em sua vida (cf. Jr 20,7).
Se a liberdade for
vivida por nós de qualquer jeito, nós nos tornamos escravos de nossas paixões.
Mas, quando temos domínio, quando nós nos temos nas mãos, por exemplo sabendo
nossos limites, sabendo nossas fraquezas, sabendo onde está a fronteira da
nossa não virtude, isso é maturidade. Isso, meus irmãos, vale para todos nós,
padres, solteiros, casados, porque isso se trata da vida cristã. Trata-se da
santificação de cada um de nós.
(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é
Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba
(PR).
Fonte: O Povo, de 1/8/2016.
Espiritualidade. p.19.
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