Por Weiber Xavier
(*)
Diante da
dramática situação da pandemia de Covid-19 em países europeus como a Itália,
onde a alta taxa de transmissão levou o serviço de saúde a uma situação grave
de superlotação, sabe-se desde a epidemia de influenza de 1918 onde cidades
americanas que implementaram controles rigorosos, incluindo o fechamento de
escolas, a proibição de reuniões públicas e outras formas de isolamento ou
quarentena, retardaram o curso da epidemia e reduziram a mortalidade total.
Na realidade brasileira
precária de saneamento público, entre outros desafios, o nosso já
sobrecarregado sistema de saúde terá dificuldade semelhante em absorver os
casos graves de Covid-19, caso eles se acentuem, diante da escassez de leitos,
insumos e, particularmente, profissionais de saúde com treinamento adequado no
cuidado do doente crítico.
Os dados
italianos revelam que a proporção de admissões em UTI representa 12% dos casos
totais positivos e 16% de todos os pacientes hospitalizados. Os pacientes mais
vulneráveis, idosos e com doenças crônicas, que precisem de suporte
ventilatório e cuidados de UTI caso medidas mais drásticas não sejam tomadas,
terão um crescimento exponencial que o nosso sistema de saúde terá dificuldade
em suportar. Nossas UTIs já estão ocupadas de doentes graves e será difícil
disponibilizar leitos extras de forma tão rápida e em número tão elevado. Todos
somos susceptíveis e podemos já estar transmitindo sem saber, em estudo recente
a revista Science demonstrou que aproximadamente 86% de todas as infecções pelo
Covid-19 ocorreram em pessoas com pouco ou nenhum sintoma.
Não existe
ainda tratamento específico e as perspectivas de vacina, embora promissoras,
deverão estar disponíveis possivelmente em 12 meses. Temos que nos preparar
diante dessa situação de gravidade, portanto, higiene e as medidas fortes de
contenção social, retardando e evitando a sobrecarga em nosso já frágil sistema
de saúde são uma resposta que irá diminuir a transmissibilidade e poderá salvar
vidas. Portanto, fique em casa!
(*) Médico e professor de Medicina da UniChristus.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/3/2020. Opinião. p.14.
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