Por Pe. Eugênio
Pacelli SJ
(*)
A Páscoa foi diferente. Com
silêncio povoado de nomes, dores de tantos próximos a nós. Todos atingidos pelo
vírus que modificou agendas e ordem mundial.
Semeia morte e
crise econômica que afeta e golpeia, especialmente os mais pobres. Há uma crise
ética, que deixa descoberto o afã de líderes inescrupulosos que buscam o
próprio interesse, à custa da vida e bem-estar de uma maioria.
O que
aprendemos com tudo isso? Primeiro, a finitude da existência humana. Não somos
deuses, nem autossuficientes. Apesar de estarmos no topo da pirâmide da
evolução, não somos "todo-poderosos" e não temos todas as respostas.
Somos fracos, frágeis e indefesos e precisamos aprender a lidar com nossas
fraquezas.
A
vulnerabilidade nos faz sentir unidos em uma realidade comum. Há um processo de
mudança da mentalidade individualista para uma consciência coletiva. Pouco a
pouco, se reconhece que vivemos em uma casa comum e que nossas ações têm
impacto sobre os outros, onde "cuidar de mim implica cuidar dos
outros". Precisamos uns dos outros para expressar afeições, cuidados e compartilhar
medos.
A pandemia deu
a oportunidade de exercitar a paciência para dialogar com nossos próprios
limites, e assim sermos humildes e pacientes para com os outros. O que
acreditávamos ser insubstituível, urgente, não era tanto. Paciência para
respeitar o ritmo, o tempo de si e dos outros.
A pandemia
questiona, desafia e fortalece a fé. A escala de valores e a fé mudou para
muitos. Com os pés no chão e os olhos voltados para o alto vamos descobrindo as
pegadas de Deus na fraqueza, na impotência, acreditando que, através da cruz de
tantos filhos, Deus revela-se como proximidade e esperança.
Quando estamos
atentos, percebemos os sinais da ação de Deus em cada detalhe: na atuação dos
profissionais de saúde, que estão na linha de frente, nos curados que voltam
para casa, nos bebês que nascem trazendo vida e esperança, nas ações de
solidariedade que vemos por toda parte. Há bondade no ser humano, o amor é mais
forte que a morte.
Aprendizados a
não esquecer, quando o medo voltar a desmoronar nossos sonhos.
(*) Sacerdote jesuíta e mestre em
Teologia.
Fonte: O Povo, de 6/6/2020.
Opinião. p.16.
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