Das muitas histórias e estórias
que o Conselheiro Menezes relatou, essa é bastante original.
Um dia, pelo ano de 1971 ou 1972,
vinha o Dalgimar B. de Menezes dirigindo o seu famoso fusquinha branco, pela
Avenida João Pessoa, provavelmente nas proximidades do prédio da Reitoria da
UFC. Na calçada, aguardando o ônibus ou uma possível carona, ele reconheceu uma
jovem estudante de Medicina, que lhe pediu carona; freou o seu carango, com o
“possante” motor na traseira, e fez subir a passageira, já corada de tanto sol
batido na cara.
Vieram os dois conversando miolo
de pote, ela muito polida, muito gentil, ele também fazendo às vezes de
“gentleman”. Acabaram falando do currículo, das aulas, dos professores. Foi aí
que ela consultou seus apontamentos, seu cronograma da disciplina de Patologia,
viu quais aulas estavam agendadas para ele ministrar, e, logo, logo, sapecou
sua verdade, nua e crua:
– O senhor não devia dar essas
aulas não. Quem sabe dar aulas é o professor Eilson. Ele é que devia dá-las...
A observação foi sobremodo
incisiva, até certo ponto grosseira, mesmo que sincera; já estavam ambos
debaixo das mangueiras, quando Dalgimar olhou lá pra cima, e imaginou: Ah, se
essa árvore desse melancia, bem que podia cair nessa “cabeça-chata”. Ele parou
e estacionou então o seu fusca branco de gloriosa tradição. A moça desceu, e
ele acabou por agradecer pelo extraordinário estímulo que lhe propiciara,
logicamente que às avessas.
Marcelo Gurgel
Carlos da Silva
Presidente da Sobrames - Ceará
*
Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e
de mestres. Fortaleza:
Expressão, 2011.112p. p. 18-9.
Fonte:
SILVA, M.G.C. da. Quem sabe dar aulas é o Eilson.
In: SOBRAMES – CEARÁ. Pontos de vista. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão,
2019. 352p. p.232-3.
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