O Prazo de Abel
Quando
algo é praticamente impossível de acontecer, diz-se no Centro-Sul do Estado
(que a coisa vai se materializar) "no prazo de Abel", ou seja, nunca.
Sabe quando a dupla Messi/Cristiano Ronaldo comporá o ataque do glorioso
Ferrim? "No prazo de Abel!". A justificativa quem dá é o Poeta Jair
Moraes:
- Um time que já teve Coca-Cola e Simplício no meio de campo não pode se
sujeitar a qualquer fulerage (a bolacha do joelho de um tá quengada e a 'viria'
do outro, em petição de miséria).
E
quando é que um caba deixaria de passar as férias no calor bacurejante do
Iguatu pra ficar no frio peiticante da Europa? "No prazo de Abel!"
De
novo acode-nos o Poeta dos Cachorros (não entendi bem a justificativa, mas...):
- O frio intenso de Paris, por exemplo, é diminuidor das duas estruturas
ovaladas constituintes do sistema reprodutor masculino. Ou seja, o tempo não é
de Páscoa e preferimos a liberdade omelética.
O homem do prazo
existe!
Abel?
Um cearense da gema, sujeito invocado. Trabalhava de galego. Certo dia, fazendo
cobranças distante de casa, foi chamado às pressas; precisava resolver querela
envolvendo seus filhos e uma vizinha. É que de tanto atirarem pedras de
baladeira, o telhado da mulher estava uma goteira só. Abel de volta, brabo
todo.
Desce
da moto no jardim e já o pé vai direto, acerta em cheio a ruma de cocô lá
deixada graciosamente por um dos bruguelos. Grita apoplético:
- Bangueeeeeela!!!
- Banguela?!? - Retruca a mulher,
da cozinha.
- Caroço de feijão inteirinho! Ó aqui no sapato!
Descalço,
chama pra sala a pivetada, dá-lhe um cagaço, jura todo mundo de peia em caso de
desobediência à ordem dele, falando resoluto:
- Vou dar um prazo pra vocês jogarem a próxima pedra no telhado da casa
da dona Maria!
- Quando, pai? - Pergunta Abelzinho.
- Nuuuuuuuunca!!!
E
assim ficou conhecido o prazo de Abel: jamais!
Cearensês prático -
o que é...
Fulano é penico cheio!!! - Só quer ser as pregas.
Mudando de pau pra cacete - Mudando de assunto.
Botar um negócio mole na sua mão - Dar uma gorjeta.
Subdesnutrido -
Caba lascado do primeiro ao décimo.
Digital infulêrence - Digital influence do Ceará.
Bater da mão à peixeira - Pegar da mão à faca: armar-se do instrumento
cortante composto de uma lâmina e um cabo.
No cagar dos pintos - Bem cedinho do dia.
Distiorado
- Deteriorado.
Onde tem cachorro e menino, adulto não peida! - Verdade jamais
negada pela Ciência.
Adonde?
- Marrapaz! Eu num tô dizendo mesmo! Que história é essa?
Não é muito bom-ão do juízo não - É doido.
Da caspa ao chulé
- Da cabeça aos pés.
Melhor que isso, só dois issos! - Bom demais, inigualável.
Fonte: O POVO, de 27/12/2019.
Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos.
p.2.
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