Por Alessander Sales (*)
Passadas duas intensas ondas da pandemia de Covid-19, contamos mais de meio milhão de mortos. Hoje, após
divergências estéreis, aceleramos a vacinação buscando a imunidade coletiva
capaz de conter novas mutações virais. Mas enquanto isso não se concretiza,
devemos aperfeiçoar o controle sanitário das atividades que, por sua própria
natureza, mais disseminam o vírus.
Variantes virais surgem em diferentes países e, rapidamente, espalham-se
pelo globo em aviões que transportam os hospedeiros. Em nosso país continental,
no entanto, não controlamos os voos internos.
Pessoas voam para qualquer destino nacional em cabines lotadas e sem distanciamento entre os assentos, devendo
apenas usar máscaras e medir a temperatura corporal e assim, até sem saber,
espalham essas variantes que, em poucos dias, geram transmissões comunitárias
reinstaurando o vicioso ciclo pandêmico.
Exigir exame negativo para Covid-19 desses viajantes ampliará nossa testagem, a detecção
dos infectados e a própria segurança nos voos. Por outro lado, isso não causa
danos ao setor aéreo que, mais seguro, atrairá passageiros receosos que
atualmente evitam esse modal de transporte.
É uma medida inteligente e pouco onerosa que beneficia tanto os que
testam negativo, e portanto viajam tranquilos, como os positivados que isolados
para tratar a doença não produzirão novos contágios, o que acaba por proteger a
todos.
Não custa lembrar que essa exigência já existe para passageiros, inclusive brasileiros,
em voos internacionais que se destinam ao Brasil, não tendo sentido dispensá-la
em voos nacionais.
O teste obrigatório pode ainda incentivar a vacinação, premiando
os já imunizados com um passaporte de viagem.
O controle da pandemia é complexo, envolvendo fatores comportamentais,
incentivos e contenções, sendo irrazoável não adotar ações simples e eficientes
que protegem a saúde de todos. Se queremos realmente melhorar o
controle da
pandemia, devemos apoiar iniciativas que constroem, com racionalidade, medidas
disseminadoras de segurança e não de novos vírus mais contagiosos e letais.
Um controle sanitário eficiente de nossos voos já deveria ser,
depois de duas ondas, um sedimentado consenso e não uma infrutífera disputa
judicial que, sem decisões positivas, atrasa a superação da crise ao manter
todos em constante e grave risco.
(*)
Procurador da República.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/8/21. Opinião, p.19.
Nenhum comentário:
Postar um comentário