Por Lauro Perdígão (*)
A busca pela vacina contra a
covid-19 precisa ser intensificada em meio ao surgimento de novos casos da
doença no Brasil. Quando alguém decide não se vacinar, percebe-se que os
aprendizados adquiridos em um passado não tão distante se esvaem.
A produção das vacinas tem diminuído a
incidência de doenças graves como poliomielite, coqueluche, tétano, difteria,
meningites, sarampo, caxumba, rubéola e febre amarela. Além disso, a varíola
humana, responsável por mais de 300 milhões de mortes no planeta, foi
erradicada em 1980 a partir do advento da vacina.
O impacto positivo da imunização ao longo da
história pode gerar a falsa sensação de que doenças
imunopreveníveis são raras e não oferecem mais riscos à saúde. No entanto,
é preciso salientar que a queda das coberturas vacinais cria um ambiente
favorável ao surgimento de surtos e epidemias.
Entre o início da produção de uma vacina e a
disponibilidade do imunizante, levava-se, em média, dez anos. Porém,
o progresso da ciência e a crise sanitária mundial contribuíram para
que a covid-19 figurasse, em tempo recorde, na lista de doenças para as quais
há imunizantes disponíveis. Esta é uma conquista simbólica que deve ser
celebrada e jamais esquecida.
Apesar de não ter sido pioneiro na vacinação, o
Brasil mostrou ao mundo, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), que
possui um programa de imunização acessível, eficaz e gratuito. Em 2021, o País
conseguiu ampliar a cobertura vacinal e, gradualmente, reduzir a transmissão do
vírus e o número de mortes.
A disseminação da covid-19 ainda é uma realidade.
Portanto, é fundamental que a população complete o esquema
vacinal com as doses disponíveis. Precisamos lembrar que a vacinação é uma
estratégia coletiva e com uma história respeitável, da qual todos devem
participar.
As experiências do passado e todas as perdas
causadas pela pandemia não podem cair no esquecimento. Para além dos
questionamentos e tentativas de desqualificar a vacinação, as vacinas, mais uma
vez, provam que são confiáveis e que salvam vidas.
(*) Médico infectologista.
Vice-presidente da Sociedade Cearense de Infectologia.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/06/2022. Opinião. p.19.
Nenhum comentário:
Postar um comentário