O Ministério da Saúde anunciou,
recentemente, a importação de seis mil médicos de Cuba, para preencher postos
de trabalho em municípios remotos e periferias urbanas.
Não é só a distância que dificulta a interiorização
de médicos, pois são localidades despojadas de recursos mínimos para a sobrevivência
de quaisquer profissionais.
A inadequada distribuição dos médicos no
Brasil, condição que se aplica, até em maior escala, a outras tantas
profissões, é fenômeno antigo e conhecido, mas em declínio, à custa da expansão
da Estratégia Saúde da Família e da crescente titulação de médicos no solo
pátrio.
A opção cubana, aventada pelo governo do
Brasil, é um suposto remédio, travoso e ineficaz, posto servir tão somente para
iludir populações desassistidas, oferecendo-lhes um médico despreparado,
cultural e tecnicamente, para prestar cuidados condizentes com a realidade de
saúde brasileira.
O sistema de saúde de Cuba, se é que ainda
existe, viveu o seu apogeu nos anos setenta e oitenta, quando ostentava bons
indicadores de saúde, compatíveis, à época, com os padrões vistos no Chile e na
Costa Rica, encontrando-se, hoje, sucateado, e subsistindo apenas em mentes
saudosistas.
Se a saúde em Cuba vai mal, o seu ensino
médico está pior, mesmo porque não há como formar com qualidade razoável em
Medicina, quando a assistência médica e os programas de saúde pública funcionam
precariamente.
Caso houvesse a indicação de importação de
médicos para o Brasil, há de se considerar que o produto made in Cuba é de baixíssima qualidade, posto que menos de 10% dos seus
formados conseguem aprovação no Revalida, e que, ao cotejar os currículos
escolares das escolas médicas cubanas com os das brasileiras, a equivalência é
da ordem de 50%.
Cuba diploma médicos em profusão, com a intenção
de exportar e explorar essa mão-de-obra. Há mais de trinta mil trabalhadores da
saúde cubanos, sobretudo médicos, espalhados em países não desenvolvidos,
cumprindo contratos agenciados pelo governo de Cuba, que arrecada US$ 2,3
bilhões, por ano, sendo, hoje, a principal receita desse país.
Cada médico cubano é alocado por cerca de
US$ 10,000, porém, o governo de Cuba, como um ávido proxeneta, se apropria do
quinhão maior, deixando de 10% a 15% na mão do seu cativo cidadão, reproduzindo
um cenário escravocrata.
Compactuar com isso, Sr. Ministro, é
regredir aos tempos da escravaria ou da servidão humanas.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular de Saúde Pública – Uece
* Publicado In: Jornal do SIMEC. Fortaleza,
novembro de 2013. p.4. (Órgão do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará).
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