sábado, 23 de junho de 2018

MARIA É QUEM NOS ENSINA A VIVER E A SOFRER


Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

Encontramos na Bíblia pouquíssimas palavras pronunciadas por Maria. Seu nome também não é citado muitas vezes. Mas, seja citada pelo nome, ou referida, ou ainda “Mulher” como o próprio Jesus se referiu a ela, constatamos amplamente a presença silenciosa de Maria em todos os acontecimentos importantes, especialmente da vida de seu filho Jesus Cristo. Desde o momento da anunciação até o nascimento da Igreja.
Então, como alguém pode não compreender o papel de Maria na obra da salvação, se o Evangelho nos deixa tão claro: em virtude da encarnação, do verbo se fazer carne, de Deus visitar a humanidade, Dele se fazer uma criança, Maria se torna a arca. Deus encarnado fez a sua primeira moradia no ventre de uma mulher, Maria, que aceitando o convite da graça e dizendo o “sim”, se torna um modelo de quem faz a vontade do Pai. Na cruz. Maria é cheia de graça, é plena do espírito. Se sofre o filho, sofre a mãe. Se o filho padece, a mãe padece. Não é assim com todas as mães?
Maria experimentou a dor, primeiro na fé e fez a diferença, porque se não fosse a fé e a esperança, ela teria se desesperado. Maria teria outra atitude e não a de que ficar em pé, aos pés da cruz (Jo 19, 25). É essa presença silenciosa na hora da dor, que Maria nos dá como exemplo. Às vezes, nos deparamos com pessoas que estão sofrendo, muito doentes e pelas quais já não podemos fazer nada e não encontramos palavras que vão confortar, mas a nossa presença, silenciosa, já é uma ajuda. Mesmo que não consiga verbalizar essa presença, já é uma ajuda. Maria nos ensina a perseverar, a manter-se firme no sofrimento. E nos ensinou também a superar a traição, porque bastou o Filho morrer, ela pegou o seu corpo, colocou no sepulcro e voltou para rezar com os apóstolos. Ou seja, ela voltou para aqueles que abandonaram seu filho.
Se Maria foi exaltada por Deus, claro que em vista dos méritos de Jesus. Se Deus a escolheu, enviou um anjo, a proclamou a cheia de graça. Se Deus fez dela a arca de toda a humanidade, então, que ninguém tenha receio de recorrer a ela, de venerá-la, de exaltá-la e proclamá-la bendita entre todas as mulheres.
(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 12/05/2018. Opinião. p.20.

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