Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
A democracia baseia-se em um sistema de instituições construídas na
expectativa de garantir a representatividade e legalidade das decisões
políticas. Infelizmente, constatamos que este equilíbrio institucional tem sido
seriamente desvirtuado. Um olhar acurado sobre o relacionamento dos poderes
constituídos (Executivo, Judiciário e Legislativo) torna este desequilíbrio de
fácil constatação e a confirmação de que as instituições democráticas não estão
cumprindo o seu papel de canalizar as demandas da cidadania. Por outro lado, a
coerência programática e de ideias, abrangendo indicadores políticos,
administrativos, econômicos e sociais, nos leva ao caminho da justiça e da
liberdade. A atividade estatal deve buscar o bem comum e não a vantagem de
alguns que estão temporariamente no governo. O objetivo da política, todos
sabemos, é a conquista, a expansão e a preservação dos espaços de poder. O
embate e os jogos dos contrários constituem a essência dos sistemas
democráticos, respeitando-se os princípios éticos e morais, bem como
evitando-se emboscadas e conluios. É claro que as situações política e
socioeconômica, notadamente nos países emergentes, incluindo-se o Brasil, ainda
é muito grave, porém a desejada independência dos poderes constituídos, a
liberdade de imprensa, a consciência dos direitos e obrigações das pessoas, são
pontos básicos para a consolidação da democracia e, em consequência, a certeza
de uma melhor qualidade de vida. Não podemos olvidar, no entanto, que a mais
frágil democracia é preferível a qualquer ditadura dentro da perspectiva de
liberdade e justiça, como também de uma visão estratégica.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 22/6/2018.
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