Por Henrique Soárez (*)
O
Ensino Médio cearense está há 427 dias sem aulas presenciais. Como
isso aconteceu? Quando o plano de retomada da economia foi apresentado em 2020
as escolas estavam na fase 4.
As
fases preliminar, 1, 2 e 3 aconteceram rigorosamente em dia e assim as
escolas se prepararam para o retorno em 20/julho. Não aconteceu. 95%
da economia estava liberada, e as escolas foram relegadas aos 5% menos
importantes.
Começamos
a retomar em 01/setembro, sob novo faseamento, pactuado entre
escolas e governo para acontecer a cada 15 dias. Fases preliminar, 1 e 2
aconteceram a cada 30 dias.
Em
novembro, quando finalmente chegaria a vez do Ensino Médio, o temor da 2ª
onda e as aglomerações causadas pelas campanhas eleitorais mais uma
vez frustraram expectativas.
No
novo lockdown, após o Carnaval, novamente o Ensino Médio foi
para o final da fila. Notícias recentes informam que 90% da economia está
liberada.
Os
adolescentes podem ficar na academia e no shopping center até as 21:00, mas não
podem ir à escola. Dessa vez estão entre os 10% menos importantes. O Ensino
Médio foi mais uma vez preterido, a despeito da solicitação de escolas e pais
de alunos para que a injustiça de 2020 fosse sanada.
Em
recente manifestação na Praça Portugal, Glória de Azevedo, aluna do 2º ano,
perguntava ao governador: "Por que só a gente não pode? O que fizemos de
errado?". Ela concorrerá por uma vaga na universidade, pelo Enem
2022, com candidatos de todo o Brasil.
E
os adultos que a ouviam tiveram que ficar em silêncio. Desde o ano
passado as autoridades cearenses já se deram conta que escolas
não são locais de aglomeração. Não há motivo para que os adolescentes cearenses
sejam abandonados.
Em
todo o mundo, para cada atividade importante, um protocolo foi
desenvolvido. Encontrou-se uma forma de seguir a vida. Dependendo do risco,
aumenta-se o distanciamento e diminui-se o percentual de ocupação em cada
momento. Já sabemos lidar com o vírus enquanto a vacina não chega.
No
Ensino Médio cearense não deveria ser diferente. Os protocolos utilizados desde
setembro/2020 fazem da escola um lugar seguro para alunos e professores.
(*)
Engenheiro eletricista, diretor do Colégio
7 de Setembro e da Uni7
Fonte: Publicado In: O Povo, de 20/5/21. Opinião, p.22.
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