domingo, 4 de julho de 2021

VIDAS IMPORTAM E OS EXEMPLOS QUE FICAM

Por Sofia Lerche Vieira (*)

A pandemia nos roubou muitas coisas. Trabalho. Convivência ao vivo. Liberdade de ir e vir. Abraços. Carinhos. Esse ano e pouco de vigência de seus trágicos efeitos, deixou o mundo mais triste, pesado e sem cor. O maior impacto de todos, porém, foi a tragédia das vidas que se foram.

Ao redor de todo o planeta há uma devastação sem precedentes no presente século. Pessoas de todas as classes e categorias partiram deixando atrás de si um rastro de vazio e saudade incomensurável.

A trágica perda de 441.9 mil pessoas (Folha de São Paulo, 19 mai. 2021) no Brasil dilacerou famílias e comunidades, colocando o país no epicentro das preocupações mundiais. Por que tantas vidas foram perdidas? Há explicações técnicas e, também, políticas.

Em meio a esse cenário apocalíptico, a morte de celebridades é amplamente divulgada; sua passagem, reverenciada. O luto por pessoas comuns, porém, tende a restringir-se a seu círculo familiar, de amizade e pessoas próximas.

Em meio a tantas lágrimas acumuladas, é preciso celebrar a memória de um imenso contingente de vidas de professores ceifadas pela Covid 19 - umas, mais; outras, menos conhecidas.

Há algumas semanas perdemos o professor universitário e grande pesquisador Gilmar de Carvalho, ícone da cultura cearense, reconhecido nacional e internacionalmente.

Sua morte foi e continua sendo registrada; sua contribuição reconhecida pelo imenso contingente de admiradores de sua obra.

Se uma vida como a do professor Gilmar continua iluminada através dos escritos que deixou, em outros casos, há que se publicizar a contribuição de profissionais que dedicaram suas vidas à formação humana.

O professor Eliseu Paiva, diretor da EEMTI César Cals, querido por docentes e discentes, é um dos nomes que merecem ser louvados.

Também é oportuno lembrar a professora Idália Cavalcante Parente, "professora diretora de turma" da EEFM Clóvis Beviláqua, referência para quantos usufruíram de sua convivência.

Em nome desses colegas, saudemos aos que partiram, tanto da universidade quanto da educação básica. Suas vidas importaram e importam. Seus exemplos permanecem.

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/05/21. Opinião, p.22.

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