“40 graus de febre... à sombra!”
Abrimos
espaço para analisar o que seja uma "murrinha" na cabeça (sofrimento
psíquico) do cristão nos dias atuais, mais particularmente sobre como lidar com
os desafios da "inguirizia" dispneica e da gastura mental. A lição
vem pela categoria do preclaro Jair Moraes: "Cuidado com o caba metido a
mudo! Quando vires um 'mudelim' desses, mais calado que pedaço de toicim em
saco de farinha, todo coidado ainda é bem poquim!"
Poeta
Jair dos Cachorros referia-se ao vizinho Bonerges (Boanerges, conforme o
batistério). Que nunca explodia com os - inclusive justos - "relas"
(cagaços) aplicados pela mulher Vandira. Por resposta, ele tão só regurgitava,
resignado: "Fazer o que, né? Terminantemente proibido pelo médico de comer
fava com paçoca do Itapagé - por fatores ultragastrintestinais mais que
convincente, dava por resposta o de sempre, ante a eterna negativa da consorte:
"Fazer o que, né?"
Contudo,
naquela idade, Bonerges chegou ao ponto de não mais aceitar mais a privação do
que tanto amava alimentar-se, restando adoecer de tristeza. Onde já se viu não
ter mais por jantar (após 80 anos ininterruptos) o duo fava-paçoca, de
celebrada sustança? Pior: vieram a chapuletada da covid-19 e o surto de
"estalecido" (os vários subtipos do vírus influenza A) no mundo.
Lascou. Bonerges, no fundo da rede, com todos os sintomas das macacoas
mencionadas. Seriam os vírus ou a negativa de Vandira em relação à fava com
paçoca? A mulher nem mais se importava; era a filha que insistia em saber do
pai, dos cuidados com o velho.
-Garganta
inflamada, paizinho!
-Fazer
o que, né?
-Dor
no corpo e febre...
-Fazer
o que, né?
-O
senhor tá com todos os sintomas!
-Fazer
o que, né?
-Vamos
tomar vacina?
-
Só se for da 'Pfiçoca'!!!
O arroto original
Na
mesma pegada de Bonerges, temos um seu Zé Duarte protagonizando hilaridades, do
alto de seus 95 anos. Terminou de jantar, levantou-se e foi em busca da sala,
ver o Jornal da TV. No meio do caminho, estancou. Pelo visto, era dor grande,
remexia a cabeça, faltava-lhe o ar. Mas, que dor? A filha Maju perguntou,
chegando junto. "Não sei. É uma coisa que quer escapar..." O que,
paizinho? "Algo pedindo liberdade..." Um espirro? Ou seria peido
ariado? "Não, não!" Tá zonzo? "Ainda não!" Pois fala, pai!
"Filha, se eu arrotar, eu fico bom!"
-
Ah, bom!!! Vou fazer um chazinho de boldo com camomila e semente de mamão!
-
Tomei ontem e não passou! Nem perca tempo!
-
Pois então...
-
Não adianta reza, botar cinco pessoas arrotando perto de mim pra me dar
vontade. Nem me levar pra missa, pro estádio, pro forró, nem me deem garapa de
murici...
-
Quer tomar uma coca-cola?
-
De preferência, choca! Tô dum jeito tal que mais antes Deus me levasse!
Mandaram
buscar uma coca-cola a duas léguas dali. E seu Zé, sentado, tomou o
refrigerante em formato de purgante. Onze goladas e agora esperemos o
resultado. Cinco minutos decorridos e nada de arroto dar as caras. Pai, vamos
andar um pouco, facilita. "Bora!" dois passos dados e lá veio o
primeiro estrondo. E mais outro e outro mais. Um tirinete de arrotos. Todos,
quer dizer, quase todos comemoram a arrotaria de seu Zé. Filha feliz.
-
Graças a Deus, pai, o senhor arrotou!!!
-
Não vogou ainda, Majuzinha! Não foi um arroto original!
Fonte: O POVO, de 10/06/2022. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.
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