Por Lauro Chaves Neto (*)
O Brasil viveu décadas de processo
inflacionário agudo até a implantação do Plano Real, em 1994. Todos
que vivenciaram esse período conhecem, por experiência própria, o seu efeito
maléfico para a promoção do desenvolvimento. Os impactos negativos da inflação
vão desde a redução do orçamento familiar até alcançar as decisões de consumo e
investimento.
A pandemia, o excesso de volatilidade cambial, as
variações nos preços do petróleo, entre outros fatores, já haviam provocado um
incremento na inflação global. Em 15 das 34 nações consideradas avançadas pela Perspectiva
Econômica Mundial do FMI, a inflação anual em dezembro de 2021 estava
acima de 5%, realidade que se repetia em 78 dos 109 países considerados
emergentes.
A invasão da Ucrânia pela Rússia trouxe
outros fatores com potencial de agravar o processo inflacionário global em
2022, diante de uma alta que já havia se mostrado mais longa, do que as
previsões dos Bancos Centrais.
A grande questão de uma inflação globalizada é que
geralmente ela está relacionada com choques exógenos, como a elevação no preço
das commodities ou a desestruturação de cadeias globais de suprimento
e logística; diferente de processos inflacionários localizados que na maior
parte das vezes podem ser compreendidos com a análise dos erros na política
econômica.
A realidade dos países emergentes com
os seus históricos normalmente com períodos de elevada inflação e âncoras
fiscais mais frágeis resultam em uma maior inércia inflacionária, no que nós,
brasileiros, somos um case mundial com uma correção monetária sofisticada
durante anos.
Se já é uma tarefa árdua e contínua controlar a
inflação em "tempos de normalidade", após a pandemia e
agora com o ingrediente da guerra da Ucrânia o trabalho se torna ainda mais
complexo.
É sempre importante alertar que a inflação é um
fenômeno economicamente danoso e socialmente injusto, por agravar a
concentração de renda e impactar de forma significativa os mais vulneráveis
desprovidos de defesas que os protejam ou pelo menos mitiguem o seu impacto, no
Brasil o combate a inflação deve ser prioritário e fundamental!
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 4/04/22. Opinião. p.16.
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