Por Tales de Sá
Cavalcante (*)
O
projeto de lei que retira do ambiente escolar a exclusividade do processo
ensino-aprendizagem e permite, no Brasil, a opção por instrução
domiciliar ("homeschooling") foi aprovado pela Câmara dos
Deputados e aguarda a apreciação do Senado e da Presidência da República.
De
01/01/2019 até aqui, tivemos 6 ministros no MEC. Alta rotatividade em
tão pouco tempo traz ineficiência. Não se sabe se a infeliz iniciativa foi do
ministro da Educação 01, 02, 03, 04, 05 ou 06. Contra o projeto, surgiu um
manifesto de 427 entidades, entre elas a União Nacional dos Estudantes (UNE), a
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a Associação Nacional
dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES). A
ONG Todos Pela Educação também protestou.
Segundo
Freud, "pode-se estar seguro de chegar a resultados insatisfatórios em 3
ofícios: psicanalisar, governar e educar". Mais imperfeições ocorreriam se
as aulas fossem dadas por quem não é professor. E, mesmo que mãe e pai dominem
os conteúdos programáticos, o jovem frequenta uma instituição
educacional não apenas com o objetivo de assimilá-los, mas também para
vivenciar boa sociabilização e obter uma formação apoiada nos 4 pilares da
educação preconizados pela UNESCO: aprender a conhecer, fazer, ser e conviver.
Há
quem diga que o "homeschooling" surgiu como um meio de mães e
pais blindarem seus filhos de ideologias transmitidas nas aulas. A ser verdade,
cometem um engano. Ao diagnosticar-se alguma falha no processo, devemos
corrigi-la sem apenar o aluno.
Concedamos
aos aprendizes a possibilidade de deslizar e voar. Afinal, um adolescente tem o
direito de ser de direita ou de esquerda, capitalista ou socialista.
Mais tarde, ele se definirá. Assim, ele observará as seguintes citações de
Lauro de Oliveira Lima:
"Não
se deve transformar a mediocridade em valor de vida." e
"Em uma perspectiva de Piaget, numa escola não existe a palavra ensinar, o
professor vai provocar, estimular o aluno." Por fim, "Tudo está
fluindo. O homem está em permanente reconstrução; por isto é livre: liberdade é
o direito de transformar-se."
(*)
Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente
da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 2/06/22. Opinião, p.18.
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