terça-feira, 16 de agosto de 2022

O IMPACTO DA PANDEMIA NA PESQUISA CIENTÍFICA

Por Dárcio Ítalo Alves Teixeira (*)

Diante da crise sanitária deflagrada pela Covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, vimos como a pesquisa científica foi importante para resolver esse problema mundial. A participação dos cientistas e das suas pesquisas foram fundamentais para a produção de vacinas e de testes em tempo recorde, além de garantir a segurança e orientar a população de forma correta atuando na prevenção da Covid-19.

A pandemia foi um exemplo mais visível do que a ciência faz cotidianamente em prol da sociedade. Aliado ao Sistema Único de Saúde (SUS), os pesquisadores conseguiram diminuir os altos índices de positividade da Covid-19. Porém, apesar de ser reconhecido internacionalmente pela sua importância, o SUS vem sofrendo cortes. Além disso, ficou claro para a população a falta de coordenação da pandemia pelo Governo Federal, causando um retardo no início da vacinação.

A divulgação da pandemia pela grande mídia trouxe, para população em geral, um fascínio pelo conhecimento de vacinas. Apesar disso, o financiamento a pesquisa caiu drasticamente no período de dez anos. Dados da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) mostram que a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) perderam aproximadamente 51% do orçamento para financiar pesquisa nos últimos 10 anos.

No Brasil, a pesquisa científica é realizada, principalmente, nas universidades públicas, pelos estudantes e professores de pós-graduação financiados com bolsas dessas agências de fomento. A redução atingiu principalmente essas bolsas, que são fundamentais para que os pesquisadores possam se manter durante o desenvolvimento das pesquisas.

Apesar da diminuição no financiamento, a produção científica não foi reduzida durante a pandemia da Covid-19, e várias universidades demonstraram que as publicações científicas continuam sendo realizadas como nos anos anteriores.

Dados da Unesco mostram que o mundo está fazendo um esforço e aumentando o financiamento às pesquisas, principalmente após o surgimento do SARS-CoV-2. Precisamos seguir nesse mesmo horizonte para que tenhamos mais doutores e demais pesquisadores formados fazendo pesquisas para o desenvolvimento tecnológico no nosso país.

(*) Vice-reitor da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 13/08/22. Opinião, p.17.

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