quarta-feira, 24 de agosto de 2022

POR QUE FECHAR O GONZAGUINHA?

Por Leonardo Alcântara (*)

No dia 1º de julho de 2022 aconteceu o fechamento do Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana, o conhecido Gonzaguinha da Messejana. No entanto, eis o questionamento primordial para isso tudo: qual é o grande interesse por trás do encerramento das atividades do equipamento?

Por que a extrema necessidade de fechar uma unidade com ambulatórios, serviços de emergência, internação e atendimento obstétrico 24 horas? Em diversas ocasiões, médicos, odontólogos, enfermeiros, demais servidores municipais da saúde de Fortaleza e a própria população assistida realizaram mobilizações em frente ao Hospital Distrital Gonzaga Mota, para protestar contra o fechamento do equipamento de saúde pública.

Fizemos de tudo. Inclusive, entramos com ação civil pública contra o Município de Fortaleza, no Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, para impedir a demolição do Hospital. Mas, novamente, não tivemos qualquer retorno positivo - a Justiça do Ceará negou o pedido de liminar reiterando os prejuízos do fechamento do Gonzaguinha. Em nenhum momento a Prefeitura de Fortaleza repassou um cronograma com previsão para início e conclusão das obras, nem mesmo a definição para quais unidades de saúde serão remanejadas as equipes. O projeto arquitetônico da obra também não foi apresentado.

É muito grave o fechamento da unidade - e, principalmente, a falta de transparência dos órgãos públicos. A transferência dos serviços faz com que pacientes antes assistidos pelo Gonzaguinha precisem percorrer um longo caminho - cerca de 12 quilômetros separam as unidades do bairro Messejana e do Gonzaguinha do José Walter. A finalização das atividades causa também a precarização da assistência médica.

Vamos continuar lutando por melhorias. Não podemos permitir que fechamentos de hospitais prosperem. Temos um serviço de saúde longe do ideal e é necessário avançarmos no sentido de aumentar a prestação de saúde à população, e não sua redução. Sem o Gonzaguinha e tantas outras unidades, perde a Saúde e perde a população, que fica desassistida. 

(*) Presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/07/2022. Opinião. p. 18.

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