Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
A gravidez na adolescência é um problema de saúde pública
comum em todo o mundo. O objetivo deste artigo é estudar a possível associação
entre os percentuais de gravidez na adolescência e as características
socioeconômicas afetadas pela atual pandemia.
Lembro que o verbete pandemia significa uma epidemia que se
espalha geograficamente, saindo do seu lugar de origem e assolando o mundo
inteiro.
Nesta pandemia, apesar da grande morbimortalidade (conceito
da Medicina que se refere ao índice de pessoas mortas em decorrência de uma
doença específica em determinado grupo populacional) e os argumentos
polarizados advindos das vacinações contra a Covid-19, acompanhados da
exigência do salvo-conduto ou passaporte vacinal, não passam de consequências
dos medos atávicos das pessoas e não se trata de ser da esquerda ou da direita.
Advirto, existe um lado construtivo nos fracassos.
Alguns estudos recentes apontam na direção de coisas boas
que virão com esse futuro “novo-normal”.
Lembro que o futuro dependerá daquilo que fazemos no
presente. Sem dúvida os adolescentes estão agora mais ligados à família e ao
lar, contudo apartados de seus amigos e grupos; refiro-me à classe média
urbana, pois nas ditas “comunidades”, penso que vão permanecer com as mesmas
mazelas. Dito isso, acredito que os jovens estão fazendo menos coisas do que
faziam antes da pandemia. Simultaneamente, sentem-se crescidos e prontos para
deixar a escola, trabalhar, beber e se drogarem, além de fazer menos sexo.
O nível das relações entre essas meninas e meninos, ainda
de menor idade, é muito alto, apesar de alguns trabalhos médicos e estatísticos
apontarem para que a incidência das gestações em adolescentes tenha caído
exponencialmente nos países ricos e nas camadas mais abastadas dos países em
desenvolvimento. Os adolescentes provavelmente estão fazendo menos sexo, não
apenas ficando mais esclarecidos no uso de métodos contraceptivos.
Segundo dizem eles, as contaminações das doenças
sexualmente transmissíveis estão tombando.
Pode até ser!
Não sei se a quantidade de gestações em adolescentes
aumentará ou permanecerá menor durante esta pandemia.
O que ouço dizer é que os jovens pertencentes às classes
sociais mais abastadas reclamam muito do isolamento do tal do lockdown, medida fajuta.
Lembro ao leitor de uma reportagem publicada na Folha de
São Paulo (5.nov.2019) que mancheteava — Gravidez na Adolescência de Bairro
Pobre de S.P. é 53 vezes a de Bairro Rico.
“Vamos ver para crer”; desculpe o clichê caro leitor…
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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