Por Pe.
Reginaldo
Manzotti (*)
A Devoção das Santas Chagas é muito antiga e tradicional
na Igreja Católica. Essa devoção nasceu na Santa Cruz, no grande ato de
amor, quando Jesus se entregou e levou nossos pecados sobre o madeiro.
É uma devoção cristocêntrica, quer dizer que o Senhor é o
centro, e abrange o que é fundamental e o Apóstolo Paulo pregou com
tanta veemência, a Paixão Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo,
chegando a dizer: se Cristo não tivesse ressuscitado vã seria nossa fé (1Cor
15, 14).
É por essa fé que todas às vezes que contemplamos as Santas
Chagas de Jesus, nos deparamos com o grande mistério de Sua Paixão, Morte e
Ressurreição, tudo o que Ele sofreu por amor. Então, essa devoção nos leva a
centralidade da nossa fé.
É o que o Senhor desejou, pois tendo ressuscitado quis trazer no
Seu corpo glorioso a marca das Cinco Chagas, como disse Santo
Agostinho: "Cristo transpassado por nós e pregado com os cravos sobre a
cruz, descido da cruz e sepultado, é a nossa salvação. Ele ressuscitou do
sepulcro, curado dos ferimentos e mantendo as cicatrizes".
Se assim o quis é para que fosse eternamente lembrado no seu ato
de amor, por isso Chagas de amor.
Após Ressuscitado, Jesus convidou os apóstolos a tocarem
Suas Chagas para confirmar a Ressurreição. Confirmar na fé,
particularmente a Tomé, mas também a todos nós. Na tradição da Igreja, o
convite feito por Jesus foi entendido como extensivo aos fiéis de todos os
tempos, não apenas para confirmar a fé na Ressurreição, como também para
fixar mais intensamente o compromisso cristão e aperfeiçoar a
gratidão pelo ato redentor do Senhor. Por meio da contemplação e da
veneração das marcas amorosas de Seu martírio e, posteriormente, de Sua
glorificação, nós retribuímos Seu gesto de amor com amor por Deus, por Ele e
pelos irmãos. Assim surgiu essa devoção de grande relevância na vida cristã e
na história da Igreja.
Nós não podemos ser uma geração do desespero, de pessoas
frívolas, cristãos amedrontados, o que é pior, aquilo que São
Pio dizia, pessoas impenitentes, isto é que não quer mudar, que não quer
conversão. Confiemos no Senhor, reanimemos nossa fé.
Esta é também uma das devoções prediletas do Papa Francisco, que
assim recomendou: "Há esta bela devoção de recitar
um Pai-Nosso por cada uma das cinco chagas: quando rezamos aquele
Pai-Nosso, tentemos entrar através das chagas de Jesus dentro, dentro,
precisamente do seu coração. E ali aprendemos a grande sabedoria do mistério de
Cristo, a grande sabedoria da cruz". E, ainda: "Não se esqueçam disto:
olhem para o crucifixo, mas para dentro dele. Existe a linda devoção de
rezar um pai-nosso para cada uma das cinco chagas: enquanto rezamos esse
pai-nosso, procuramos ir entrando pelas feridas de Jesus até bem profundamente
no Seu coração. E lá conheceremos a grande sabedoria do mistério de Cristo, a
grande sabedoria da cruz" (Ângelus, de 18 de março/2018).
As Chagas do Senhor se abrem não mais como feridas a
sangrar, feridas do seu martírio, mas como chagas a abençoar, feridas gloriosas
da sua ressurreição.
(*) Fundador e presidente da
Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de
Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 10/09/2022. Opinião. p.18.
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