segunda-feira, 1 de maio de 2023

Dinâmica das relações econômicas sino-brasileiras deve ser mais ambiciosa

Por José Nelson Bessa Maia (*)

O Governo Lula prepara uma visita oficial a Beijing para 27-31 de março do corrente ano, em cuja comitiva estará o governador do Ceará Elmano de Freitas. Apesar de desafios como a crise energética, a guerra na Ucrânia e pressões inflacionárias no mundo, há razões para crer que Brasil e China estejam prontos para levar a relação a um novo patamar. Ademais, as mudanças em curso nas políticas externas, nos dois países, apontam para possibilidades de expandir as agendas econômica e política.

Nos últimos 20 anos, a expansão das relações econômicas sino-brasileiras foi de fato formidável, tornando a China o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009. No ano passado, as exportações para a China representaram 27,2% do total exportado, ao passo que as importações brasileiras da China responderam por 22,6% do total importado. O superávit comercial do Brasil com a China (US$ 29,6 bilhões) respondeu em 2022 por 47,2% de todo o superávit comercial do Brasil com o mundo. Em matéria de investimento estrangeiro direto, a China tem sido um grande investidor, o que levou ao acúmulo do fluxo do investimento chinês no Brasil a superar a marca dos US$ 70 bilhões em apenas 12 anos.

Além de buscar diversificar a pauta de comércio com a China, o Brasil precisa introduzir novos temas como energias renováveis, a transferência de tecnologias digitais, o investimento em infraestrutura e o financiamento para conter mudanças climáticas e preservar a Amazônia. É preciso, contudo, que essas questões sejam tratadas de forma objetiva. Os mecanismos diplomáticos existentes precisam ser mais ágeis para remover obstáculos, facilitar negócios e reforçar a cooperação.

Em suma, a dinâmica das relações entre a China e o Brasil deve ser mais ambiciosa do que tem sido até agora. Há um potencial muito mais amplo de oportunidades de cooperação do que o explorado até o momento. Isso implica a necessidade de avançar além da mudança na pauta atual de comércio bilateral e buscar abrir novas frentes de negócios na direção de segmentos capazes de contribuir para a retomada do crescimento e a redução da pobreza e promover a reindustrialização da economia brasileira.

(*) Mestre em Economia e doutor em Relações Internacionais pela UnB e rx-secretário de Assuntos Internacionais do governo do Ceará.

Fonte: O Povo, de 24/3/23. Opinião. p.29.

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