Por José Nelson Bessa Maia (*)
O
Governo Lula prepara uma visita oficial a Beijing para 27-31 de março do
corrente ano, em cuja comitiva estará o governador do Ceará Elmano de Freitas.
Apesar de desafios como a crise energética, a guerra na Ucrânia e
pressões inflacionárias no mundo, há razões para crer que Brasil e China
estejam prontos para levar a relação a um novo patamar. Ademais, as mudanças em
curso nas políticas externas, nos dois países, apontam para possibilidades de
expandir as agendas econômica e política.
Nos
últimos 20 anos, a expansão das relações econômicas sino-brasileiras foi de
fato formidável, tornando a China o principal parceiro comercial do
Brasil desde 2009. No ano passado, as exportações para a China representaram
27,2% do total exportado, ao passo que as importações brasileiras da China
responderam por 22,6% do total importado. O superávit comercial do Brasil com a
China (US$ 29,6 bilhões) respondeu em 2022 por 47,2% de todo o superávit
comercial do Brasil com o mundo. Em matéria de investimento estrangeiro
direto, a China tem sido um grande investidor, o que levou ao acúmulo do fluxo
do investimento chinês no Brasil a superar a marca dos US$ 70 bilhões em apenas
12 anos.
Além
de buscar diversificar a pauta de comércio com a China, o Brasil precisa
introduzir novos temas como energias renováveis, a transferência de
tecnologias digitais, o investimento em infraestrutura e o financiamento para
conter mudanças climáticas e preservar a Amazônia. É preciso, contudo, que
essas questões sejam tratadas de forma objetiva. Os mecanismos diplomáticos
existentes precisam ser mais ágeis para remover obstáculos, facilitar negócios
e reforçar a cooperação.
Em
suma, a dinâmica das relações entre a China e o Brasil deve ser mais ambiciosa
do que tem sido até agora. Há um potencial muito mais amplo de oportunidades
de cooperação do que o explorado até o momento. Isso implica a
necessidade de avançar além da mudança na pauta atual de comércio bilateral e
buscar abrir novas frentes de negócios na direção de segmentos capazes de
contribuir para a retomada do crescimento e a redução da pobreza e promover
a reindustrialização da economia brasileira.
(*) Mestre em
Economia e doutor em Relações Internacionais pela UnB e rx-secretário de Assuntos
Internacionais do governo do Ceará.
Fonte:
O Povo,
de 24/3/23. Opinião. p.29.
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