Por Heitor
Férrer (*)
Se cada um
varresse a frente de sua casa, o mundo seria limpo. Se cada prefeito
cuidasse bem de sua cidade, o Brasil seria outro.
Nascemos nas cidades, nelas crescemos, moramos e morremos felizes ou infelizes.
Há poucos
dias, a imprensa noticiou que o Ceará teve outubro de 2023 o mês mais violento desde 2021, com 293 assassinatos, 10 homicídios/dia. O ano nem terminou
e já são 2.430 homicídios. Nunca é demais lembrar que no governo Cid chegamos a
mais de 4 mil assassinatos/ano, em plena vigência do Ronda do Quarteirão,
miraculoso programa vendido como a grande solução para combater a violência.
Balela! Não reduziu em nada, até porque, quando se tenta resolver tão complexo
problema com polícia é porque todo o mais falhou. Pode-se colocar uma viatura em cada esquina e não se dará cabo à violência no Estado. A solução não
é polícia, mas o enfrentamento à sua gênese, com políticas de segurança
pública, responsabilidade dos municípios.
No Ceará temos
esse absurdo de assassinatos, mas pergunto: mata-se no Ceará ou nas
cidades do Ceará? Poucos sabem, por exemplo, que só em Fortaleza tivemos 451
homicídios em 2022; em Maracanaú, 131, em Caucaia, 360; em Juazeiro, 76 e por
aí vai, dando ao Ceará 3.000, 4.000 assassinatos/ano e o Ceará nada mais é
senão seus 184 municípios, onde tudo acontece. A origem dos nossos problemas
está nas cidades e a solução também.
Não esperemos
o fim da violência enquanto os senhores prefeitos não adotarem políticas de segurança pública em educação, que é a garantia do poder público de ofertar escolas de
qualidade, política de segurança pública em saúde, que é a garantia do poder
público no atendimento médico à sua população, política de segurança pública em
moradia, que é a garantia do poder público em dar habitação digna a quem não
tem onde morar.
O combate à
violência instalada é função do Estado com sua polícia, porém está nos municípios a responsabilidade de não deixá-la nascer.
Como está, vamos continuar enxugando gelo.
(*)
Médico e
ex-Deputado estadual
(Solidariedade).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/12/2023. Opinião. p.29.
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