Por Heitor
Férrer (*)
São as ideias
que movem o mundo! Boas ou ruins, elas impactam a sociedade, pautando a vida
das pessoas. Quando governamentais, são, na sua grande maioria, impostas pelos
administradores públicos em desrespeito aos administrados, aos que tudo pagam,
restando-lhes apenas o direito de espernear. O "Acquario" foi uma dessas ideias, trágica ideia.
Concebida em
2009 e iniciada em 2012 no governo Cid Gomes, já se foram 11 anos e o que temos
é uma ruína em construção, onde, em vez de peixes de todos os mares e oceanos
como foi prometido, temos mosquito da dengue e infortúnio para os que moram no
seu entorno. Obra inoportuna, desnecessária e não prioritária, a máquina
do governo vendeu à sociedade cearense a ideia de que o aquário seria a
redenção de nosso Estado, estava nele a solução de todos os nossos problemas, o
mundo todo viria nos ver.
Fiz frente a
essa ideia megalomaníaca e tresloucada. Em pronunciamentos duros, me referia à obra como "casa de peixe" e como poderíamos
admitir a sua construção num Estado onde mais da metade da população vive do
Bolsa Família, com um déficit habitacional de 234 mil moradias, cerca de 900
mil pessoas morando em condições sub-humanas, um estado com apenas 34% com
esgotamento sanitário e com um elevadíssimo índice de assassinatos; naquela
época, 4.000 homicídios/ano.
Um aquário não
poderia, sequer, ser pensado, mas o governador Cid encaminha à Assembleia um
pedido de empréstimo de 105 milhões de dólares (515 milhões de reais) para a
sua construção. A matéria foi aprovada. Votei contra. O Senado, até hoje, não autorizou o empréstimo, mas o governador iniciou
a gastança e enterrou naquele mostrengo R$ 130 milhões, correspondendo hoje a
R$ 287 milhões, que, se aplicados na saúde, não teríamos nenhum cearense em
fila de espera para cirurgia. Isso sim, prioridade 1 de qualquer governo.
Eleito Camilo Santana governador, sugeri a demolição daquela ruína. Por uma questão de
lealdade e gratidão, o que é uma virtude, Camilo manteve sua concepção, porém
não lhe acrescentou uma saca de cimento, nítida atitude de que a obra não
interessava ao Estado. Com a chegada do governador Elmano, uma brilhante ideia:
levar o LABOMAR para o famigerado aquário em convênio com a UFC, o que
significa recursos federais para o empreendimento. Lá, teremos peixes, não para
turista ver, mas para estudos científicos. De parabéns o governador Elmano, com
uma ideia que move, positivamente, o Ceará. Opor-se a isso é oposição por
oposição.
(*)
Médico e
ex-Deputado estadual
(Solidariedade).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/01/2024. Opinião. p.19.
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