Por Eloisa Vidal (*)
Há exatos 20 anos, dez municípios do estado do Ceará não possuíam
uma escola de ensino médio. Os jovens que concluíam o ensino fundamental
precisavam se deslocar até um município vizinho para cursar esta etapa da educação
básica. A escola não chegava às pessoas e para a população pobre dispor de
um recurso diário, por menor que seja, para bancar o transporte até a cidade
vizinha, funcionava como uma barreira de exclusão. A luta do governo do estado,
à época, era assegurar a oferta de ensino médio público em todas as cidades. E
isso foi feito.
Vinte anos se passam e em 2023 estamos começando a discutir a
oferta de ensino superior público, gratuito e de qualidade em todos os
municípios do Ceará até 2026. Nas cidades em que não for possível
chegar campus universitário de uma das sete Instituições Públicas de
Ensino Superior localizadas no estado, que sejam criados polos da Universidade
Aberta do Brasil (UAB).
A UAB é uma iniciativa fundada no pacto federativo - União, estado
e municípios - criada em 2006 e que assegura a oferta de ensino superior a
distância, rompendo as barreiras de espaço e tempo. Sobreviveu aos dois últimos
governos federais e agora ressurge com força e vitalidade, tendo o Ceará
recebido 13.650 vagas para oferta de cursos de graduação e especialização para
os próximos dois anos. Serão mais de 150 milhões de reais investidos na
educação superior do Ceará e atenderá, justamente, aqueles que mais precisam,
que se encontram no Ceará profundo, que Euclides da Cunha chamava de um povo
que alimenta "esperanças de uma resistência impossível".
Estudos mostram que a educação é um fenômeno geracional e se no
passado o sonho dos pais era que seus filhos concluíssem o ensino médio, hoje o
sarrafo subiu e o desejo é por ensino superior. Os filhos de hoje não aceitarão
que seus filhos tenham uma escolaridade menor que a deles e assim forma-se o
ciclo virtuoso da educação, em que uma geração tem sempre mais anos de estudo
que a anterior. Se a riqueza das nações do século XXI é o conhecimento, nas
terras de Patativa e Raquel de Queiroz, estamos caminhando para isso.
(*) Professora da Uece. Doutora em Educação.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/11/23. Opinião, p.18.
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