Por Lauro Chaves Neto (*)
Hoje o mundo vive
em um cenário turbulento, agravado pela emergência climática e pela pressão por
descarbonização; pela transformação digital e pelo acirramento geopolítico.
Quando se analisa a indústria e a própria economia brasileira dentro desse
contexto, salta aos olhos a perda de competividade.
Analisando os 10 anos,
de 2012 a 2022, o Brasil cresceu, em média, apenas 0,5% ao ano, sendo
2,7% na agropecuária, 0,8% nos serviços e uma queda de 1,4% na indústria de
transformação. Esta, que hoje participa com 15,1% do PIB, representou 30% na
década de 1980. O Brasil tem a 16° maior indústria de transformação do mundo,
quando já fomos a 10°.
Tudo isso é
agravado pela perda de competitividade, sendo o custo Brasil estimado entre 15%
e 20% do PIB, tendo uma redução da complexidade tecnológica da pauta de
exportações, onde a participação dos bens não industriais cresceu de 39,6% para
47,8% em 10 anos, no mesmo período os bens de alta e média complexidade
tecnológica reduziram a sua participação de 21,6% para 14,5%. Nos últimos 20
anos a produtividade do trabalho na indústria de transformação caiu 23%!
O plano prevê R$
300 bilhões em linhas de crédito e subsídios a empresas. Visa incentivar a
inovação tecnológica, o desenvolvimento produtivo, alavancar a participação do
Brasil no mercado internacional, investir em uma indústria verde, com a
descarbonização, a economia circular e a redução de resíduos. Priorizando
setores como agroindústria, saúde, infraestrutura, transformação digital,
bioeconomia e tecnologia de defesa.
Ano passado os
EUA divulgaram a sua política industrial com investimento previsto de US$ 1,9
trilhão, foco na transição energética e transformação digital, já a União
Europeia divulgou também a sua com US$ 1,7 trilhão. O Brasil reservou R$ 300
bilhões, aproximadamente US$ 60 bilhões.
Garantir os
recursos previstos, evitar corrupção e desperdícios, manter a responsabilidade
fiscal e não permitir que as exigências de conteúdo nacional promovam um atraso
tecnológico semelhante ao ocorrido em iniciativas semelhantes anteriores,
são os maiores desafios do Plano.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 5/02/24. Opinião. p.16.
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