quarta-feira, 24 de abril de 2024

EDUCAÇÃO NO CONGRESSO

Por Sofia Lerche Vieira (*)

O Congresso é importante cenário de definição de rumos da educação. Nele se travam os destinos da legislação, elemento estratégico da formulação de políticas. As diferentes proposições de parlamentares tramitam por comissões - algumas permanentes; outras, transitórias - cujo poder é inquestionável. A definição das relatorias nesse sentido é importante peça do jogo político-ideológico que se trava nas diferentes áreas de atuação do Congresso. Ao mesmo tempo, aponta tendências que prometem estar na pauta do debate nacional no período de vigência de seus mandatos.

A escolha de um deputado de 26 anos, de um partido de oposição ao atual governo e sem qualquer histórico no campo, para presidir a Comissão de Educação é sinal dos tempos que vivemos. A pauta de costumes dos segmentos conservadores, como escola sem partido e ensino domiciliar (homeschooling) nesse contexto, pode vir a preponderar sobre uma agenda de urgências no campo da educação, a exemplo do novo Plano Nacional de Educação (PNE) e do sistema nacional de educação. 

Vale lembrar que Legislativo é espaço de "convívio entre os diferentes" (Firmo, O POVO, 2024). Abriga múltiplas influências, partidos e correntes dos mais diversos matizes. Assim, as coisas não são tão simples quanto possam parecer. Se um clima de "direita, volver" ronda o debate, há que se notar a presença de um contraditório indicativo de que este não é um mero jogo de cartas marcadas. A eleição do deputado Idilvan Alencar (PDT-CE), ativo militante político da educação pública, para a segunda vice-presidência da Comissão de Educação, anima as expectativas de que as causas progressistas terão viva voz nesse fórum.

A luta por uma escola pública, gratuita e laica é histórica. Defender a educação como "função essencialmente pública", como fizeram os signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), é tarefa inadiável do presente. Estar alerta, acompanhar e assumir posições em favor de uma educação pública de qualidade para todos os brasileiros e brasileiras é desafio democrático cotidiano. Que nossos representantes não nos faltem! 

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/03/24. Opinião. p.22.

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