segunda-feira, 1 de abril de 2024

JOÃO PEDRO DO JUAZEIRO, AS XILOS E A VIDA

Por Izabel Gurgel (*)

João Pedro de Carvalho Neto faz 60 anos agora em 2024. Nasceu dia 11 de junho em Ipaumirim e incorporou ao nome o da cidade que acolheu a família de José Pedro de Carvalho, romeiro de Belo Jardim, Pernambuco, e Maria Estela da Conceição, afilhada de Padre Cícero. Um dos oito filhos do casal, tornou-se João Pedro do Juazeiro fazendo xilogravura.

Muda-se para Fortaleza em 1999, ano de sua primeira exposição individual na cidade, iniciativa do pensador Gilmar de Carvalho (1949 - 2021), realizada na sede do Instituto Histórico e Artístico Nacional - Iphan.

Em passeios pela cidade, atividades com estudantes de comunicação, visitamos sua casa-ateliê, primeiro em Jacarecanga e depois no Centro. Com a experiência na Lira Nordestina, a antiga tipografia São Francisco, em Juazeiro do Norte, João Pedro fez da moradia em Fortaleza espaço expositivo e sala de aula. Juazeiro, você e eu sabemos, é uma cidade-canteiro de casas-ateliês.

Em casa, João Pedro apresentava sua produção - xilos impressas e as matrizes em madeira -, e nos mostrava, em uso ou em recuperação, velhas máquinas que a maioria de nós só conhecia de livro, equivocadamente pensadas como obsoletas. Ele fazia um bocado delas funcionar. Imprimia ali cordéis e outros folhetos.

Casado com Célia Carvalho, segue morando no Centro com a filha Willyane, o filho Wallisson e o neto Ian. O filho Wanderson mora em Itaitinga. João Pedro viaja com frequência para Juazeiro, onde mirabola a construção de uma casa - espaço cultural, guarda maquinário na casa em que morou com os pais no bairro Pio XII e bate as quatro províncias da cidade encomendando trabalho a mestras e mestres, inventando publicações sobre famílias e brincadeiras ditas da tradição popular, como o livro que está para sair sobre a arte em barro de descendentes da mestra Maria de Lourdes Cândido Monteiro (1939-2021), cuja casa-ateliê realiza o próprio endereço. Fica na rua Boa Vista.

A família do imparável João Pedro está tocando uma tarefa que não há quem possa realizar só, a de cuidar dele em processo de recuperação de AVC. Você e eu podemos colaborar, usufruindo de tudo que tem na banca sortida de xilos, livros, lápis artesanais, folhetos etc. A gente compra e recebe em casa.

Você não conhece o trabalho dele? No site do Cine Teatro São Luiz está disponível a exposição "A xilogravura de João Pedro do Juazeiro", que realizamos em 2021 com a equipe da casa. Nas fotos de Guilherme Silva, você pode ver matrizes e xilos impressas em quatro núcleos, começando por "Ourives do Tempo", sobre Gilmar de Carvalho, a quem João Pedro diz que deve tudo de sua trajetória.

No núcleo "Iluminuras Sertanejas", estão o milagre-marco de Juazeiro, 1889 (a Beata Maria de Araújo comunga e a hóstia se transforma em sangue); o arraial do bem viver de Conselheiro; as chuvas e a fartura. "Madeira Matriz" inclui matrizes coloridas e mostra parte do processo de riscar na madeira para fazer a xilo|gravura.

Divindades dançam no núcleo "Oferendas ao Tempo". A dança da criação encerra a mostra e abre um outro tempo, o da gente impulsionar, no espaço virtual e fora dele, a loja solidária para fazer chover na horta do artista. Você pode ver obras dele no Museu de Arte da UFC e no Plebeu Gabinete de Leitura. Mas comprar, além da Ceart, é direto com ele: (85) 99124.9555 é o telefone e o número do pix.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/02/24. Vida & Arte, p.2.

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