Por Izabel Gurgel (*)
João Pedro de Carvalho
Neto faz 60 anos agora em 2024. Nasceu dia 11 de junho em Ipaumirim e
incorporou ao nome o da cidade que acolheu a família de José Pedro de Carvalho,
romeiro de Belo Jardim, Pernambuco, e Maria Estela da Conceição, afilhada de
Padre Cícero. Um dos oito filhos do casal, tornou-se João Pedro do Juazeiro
fazendo xilogravura.
Muda-se para Fortaleza
em 1999, ano de sua primeira exposição individual na cidade, iniciativa do
pensador Gilmar de Carvalho (1949 - 2021), realizada na sede do Instituto
Histórico e Artístico Nacional - Iphan.
Em passeios pela cidade,
atividades com estudantes de comunicação, visitamos sua casa-ateliê, primeiro
em Jacarecanga e depois no Centro. Com a experiência na Lira Nordestina, a
antiga tipografia São Francisco, em Juazeiro do Norte, João Pedro fez da
moradia em Fortaleza espaço expositivo e sala de aula. Juazeiro, você e eu
sabemos, é uma cidade-canteiro de casas-ateliês.
Em casa, João Pedro
apresentava sua produção - xilos impressas e as matrizes em madeira -, e nos
mostrava, em uso ou em recuperação, velhas máquinas que a maioria de nós só
conhecia de livro, equivocadamente pensadas como obsoletas. Ele fazia um bocado
delas funcionar. Imprimia ali cordéis e outros folhetos.
Casado com Célia
Carvalho, segue morando no Centro com a filha Willyane, o filho Wallisson e o
neto Ian. O filho Wanderson mora em Itaitinga. João Pedro viaja com frequência
para Juazeiro, onde mirabola a construção de uma casa - espaço cultural, guarda
maquinário na casa em que morou com os pais no bairro Pio XII e bate as quatro
províncias da cidade encomendando trabalho a mestras e mestres, inventando
publicações sobre famílias e brincadeiras ditas da tradição popular, como o
livro que está para sair sobre a arte em barro de descendentes da mestra Maria
de Lourdes Cândido Monteiro (1939-2021), cuja casa-ateliê realiza o próprio
endereço. Fica na rua Boa Vista.
A família do imparável
João Pedro está tocando uma tarefa que não há quem possa realizar só, a de
cuidar dele em processo de recuperação de AVC. Você e eu podemos colaborar,
usufruindo de tudo que tem na banca sortida de xilos, livros, lápis artesanais,
folhetos etc. A gente compra e recebe em casa.
Você não conhece o
trabalho dele? No site do Cine Teatro São Luiz está disponível a exposição
"A xilogravura de João Pedro do Juazeiro", que realizamos em 2021 com
a equipe da casa. Nas fotos de Guilherme Silva, você pode ver matrizes e xilos
impressas em quatro núcleos, começando por "Ourives do Tempo", sobre
Gilmar de Carvalho, a quem João Pedro diz que deve tudo de sua trajetória.
No núcleo
"Iluminuras Sertanejas", estão o milagre-marco de Juazeiro, 1889 (a
Beata Maria de Araújo comunga e a hóstia se transforma em sangue); o arraial do
bem viver de Conselheiro; as chuvas e a fartura. "Madeira Matriz"
inclui matrizes coloridas e mostra parte do processo de riscar na madeira para
fazer a xilo|gravura.
Divindades dançam no
núcleo "Oferendas ao Tempo". A dança da criação encerra a mostra e
abre um outro tempo, o da gente impulsionar, no espaço virtual e fora dele, a
loja solidária para fazer chover na horta do artista. Você pode ver obras dele
no Museu de Arte da UFC e no Plebeu Gabinete de Leitura. Mas comprar, além da
Ceart, é direto com ele: (85) 99124.9555 é o telefone e o número do pix.
(*) Jornalista de O Povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/02/24. Vida & Arte, p.2.
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