Por Sofia Lerche Vieira (*)
Entre ódios e paixões, Fortaleza foi às urnas. Boa parte do tempo
da campanha foi perdida com acusações e temas acessórios. A cidade em si, suas
imensas contradições e desafios ficaram em segundo plano.
Os candidatos escolhidos no primeiro turno têm perfis, ideologias e
trajetórias diferentes. André Fernandes (PL) é um jovem que promete seguir os
passos de Dom Pedro I e libertar Fortaleza. Evandro Leitão (PT), por sua vez,
além de presidir a Assembleia Legislativa do Ceará, dirigiu importante time de
futebol local.
Hoje, no calor do pós-primeiro turno, parece difícil prever para
onde irão os votos dos candidatos derrotados. Também não se sabe ainda como
será o embate entre dois candidatos tão distintos à prefeitura. Aproveitarão a
oportunidade para discutir e aprofundar propostas ou se concentrarão em
falácias e golpes baixos? Tomara que não! Fortaleza merece o bom debate.
A gestão de uma cidade comporta diferentes áreas de atuação, como
saúde, educação, infraestrutura, habitação, transporte coletivo e outras.
Cabe, agora, a cada um dos candidatos explicitar o que pretende
fazer caso vitorioso, para que os eleitores possam fazer uma escolha consciente
no segundo turno.
Apesar dos impasses políticos resultantes das eleições passadas,
que colocaram em palanques distintos antigos aliados, uma encruzilhada entre a
continuidade e a mudança está em cena. Do mesmo modo, certas promessas de
campanha soam falaciosas e improváveis.
Em políticas públicas, muitas vezes o que levou décadas para ser
construído pode ser perdido, como já se viu, na administração federal.
No caso da educação, uma década de esforços permitiu avanços
consideráveis. Fortaleza saiu do limbo para tornar-se vitrine nacional por seus
bons resultados e iniciativas. As políticas deflagradas pelas administrações de
Roberto Cláudio e José Sarto serão mantidas?
Que os candidatos venham a público e explicitem suas prioridades em
relação às necessidades da população sob a responsabilidade da gestão
municipal. Nossa cidade não pode ser refém de improvisos. A hora da verdade
chegou. Que o voto decida o melhor!
(*) Professora do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 7/10/24. Opinião. p.21.
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