Por Sofia Lerche Vieira (*)
Sem
aviso prévio a pandemia se instalou no mundo. De uma hora para
outra, a vida mudou. Um ano se passou e cá estamos; às voltas com seus trágicos
efeitos e impossibilidades.
Entramos
em nova onda, sem saber se outras virão. UTIs superlotadas, toque
de recolher e circulação limitada. Em meio a este cenário, por maiores que
tenham sido os esforços dos governos e da sociedade, a educação tem sido refém
de circunstâncias adversas.
Enquanto
em muitos países o fechamento de escolas foi circunstancial, o Brasil passou ao
ensino remoto sem maiores transições. Sem observar faixas etárias,
crianças pequenas e maiores ficaram à deriva.
Aqueles
com ajuda disponível em casa, puderam, de uma maneira ou de outra, se adaptar.
Adolescentes ofereceram mais resistência. Universitários se
ajustaram. E nada ficou como antes.
O
acesso (ou não) ao ensino remoto explicitou de forma
contundente as desigualdades entre as camadas de baixa e alta renda. Os alunos
das escolas públicas foram mais prejudicados que os das escolas privadas. Não
há distribuição de chip que resolva a falta de acesso a um dispositivo móvel em
casa.
Se
isso é verdade, importa perceber, contudo, que as perdas são de todos.
Estudantes sofrem e irão sofrer por muito tempo os efeitos deletérios da
privação do ensino presencial, sem contar aqueles que abandonaram a escola sem
perspectiva de retorno.
Proprietários
e pais de alunos de estabelecimentos particulares, com razão, reivindicam o retorno
à normalidade das aulas. E por que não protestam diretores e pais de
estudantes das escolas públicas?
Uma
das razões está associada a questões sanitárias. Enquanto alguns
países direcionam seus esforços a vacinar profissionais da educação, a exemplo
do Chile, o Brasil desconhece os planos governamentais relacionados à população
ainda não contemplada com qualquer tipo de imunizante.
Nesse
contexto de incertezas cabe a pergunta: o que será da educação
presencial? Radicalismos e protestos de rua não irão resolver o
problema. A saída está no diálogo entre as partes envolvidas e muito, muito
envolvimento das famílias neste debate.
(*)
Professora do Programa de Pós-Graduação
em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 01/03/21. Opinião, p.20.
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