Por Mirla Nobre,
jornalista de O Povo
Jornalista havia sido internado na
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular, em Fortaleza, no
último dia 20 de março.
Morreu na noite desse sábado, 17, aos 71 anos, o
jornalista, professor e pesquisador Gilmar de Carvalho, vítima de Covid-19.
O jornalista havia sido internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um
hospital particular, em Fortaleza, no último dia 20 de março. A sua morte foi
confirmada, em nota, pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Nas redes sociais, alunos e amigos lamentaram a perda do professor.
“O Curso de
Jornalismo e o Programa de Pós-graduação em Comunicação, da Universidade
Federal do Ceará, comunicam o falecimento do professor Gilmar de Carvalho. Uma
das mentes mais prodigiosas e sagazes da cultura cearense. Gilmar soube, com
argúcia, competência e sensibilidade, nos falar sobre aquilo que somos e que
compartilhamos como cultura. Em qual dimensão estiver, que tenha armado um
tempo “bonito pra chover” para lhe receber com todas as honras que merece! Toda
nossa solidariedade a Francisco e família”,
disse nota do curso de Jornalismo da UFC.
O
governador do Ceará, Camilo Santana (PT), e o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT) também lamentaram o falecimento do
comunicador. Em uma publicação nas redes sociais, o gestor da
Capital destacou a morte como "imensa
perda da referência em comunicação e cultura”.
"Recebi, com pesar, a notícia de
falecimento do professor Gilmar de Carvalho, uma referência em comunicação e
cultura no nosso Estado. Gilmar contribuiu com a formação de inúmeros
comunicadores, foi um dos maiores pesquisadores da cultura popular cearense", escreveu o prefeito.
Para
o jornalista Magela Lima, Gilmar de Carvalho é uma referência no jornalismo
cultural. “O Gilmar para mim é uma
referência. Ele criou o primeiro caderno de cultura para um jornal chamado
Gaveta de Notícias, o caderno chamava Balaio. O Gilmar é uma referência de que
é possível ter no Ceará ter um importante jornalismo cultural. Foram 20 anos
de uma intimidade muito grande. Gilmar foi uma pessoa que eu falava
cotidianamente, conversava sobre todas as coisas e foi meu suporte profissional
e intelectual. É uma referência, e eu vejo essa referência diluída na minha
geração de jornalistas”, comenta.
Ainda segundo Magela, Gilmar de Carvalho foi
muito generoso a vida toda e deixou um legado. “Ele
produziu muito. Tem 50 livros do Gilmar de Carvalho disponíveis, textos
publicados na imprensa, colaborações nas mais diversas áreas, entre jornalismo,
publicidade, poesia e cultura. Ele deixou um legado muito grande de
pensamentos. Um pensamento que muda o Ceará. Ele apostou numa intelectualidade.
Ele achava bonito as pessoas estudarem, ele era entusiasmado pelo conhecimento
em uma época que as coisas ficaram muito superficial. Ele estimulou muita gente
a seguir carreira na pesquisa e na vida intelectual. Eu acho que essas gerações
que estão começando, principalmente jornalismo cultural, vão ter que passar
pela obra de Gilmar em algum momento”, pontua.
Nas redes sociais, amigos e alunos prestaram
homenagem ao comunicador cearense. Entre as publicações, o último contato com o
professor e a importância dele foram destacados por admiradores.
Gilmar de Carvalho também era escritor e doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Em 2019, chegou a recusar receber o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará (UFC) devido à nomeação de Cândido Albuquerque como reitor da instituição. Para Carvalho, Cândido seria um “interventor” e sua nomeação teria ignorado a consulta à comunidade acadêmica.
No mesmo ano, doou arquivos de sua biblioteca
pessoal para o Acervo do Escritor Cearense (AEC), onde são guardadas memórias
de figuras importantes do Estado, como Antônio Girão Barroso e Natércia Campos.
Correspondências trocadas com amigos, documentos históricos, livros,
fotografias antigas e jornais estiveram entre os itens doados.
Colaborou:
Eliomar de Lima.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/4/21. Versão Digital.
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