Por Evangelista Torquato (*)
O vínculo da
mãe com o (a) seu/sua filho (a) nasce antes mesmo do (a) bebê sair de dentro da
barriga. É uma relação construída por meio das sensações, das mudanças no
corpo, da imaginação e dos planos. Por isso, a perda gestacional, ou seja,
a perda do (a) filho (a) ainda na barriga, e a neonatal destroem tudo que é
esperado pela ordem do ciclo vital. Interrompe um projeto de vida e a concretização
de um sonho.
A gestação é um
dos momentos mais aguardados pelas mulheres que sonham com a maternidade. No entanto, algumas têm esse projeto interrompido por complicações na
gravidez. Entre as causas genéticas, a maior taxa de óbito neonatal ocorre quando o feto possui alterações no número ou na estrutura
dos cromossomos, são as aneuploidias.
Essas
alterações podem ser herdadas pelos pais, quando eles possuem uma alteração
estrutural que neles não causam nada, mas que pode causar o desequilíbrio nos embriões. Por isso, a investigação genética é tão
importante para que possamos orientar os (às) pacientes quanto ao risco de
recorrência.
Além disso, é
necessário preparar a mulher para a gravidez. Muitas vezes, o seu corpo não está pronto para a gestação e, dessa
maneira, o bebê não encontra um ambiente intrauterino adequado para o seu
desenvolvimento.
Outras
situações também causam a perda gestacional, como causas imunológicas maternas, alterações anatômicas da
cavidade uterina, causas infecciosas, ambientais, endocrinológica e
hematológicas.
De modo geral,
a principal maneira de prevenir tudo isso é por meio de um planejamento reprodutivo bem feito com consulta pré-concepcional
e pré-natal para excluirmos todas as possibilidades de causa da perda neonatal.
Como
profissionais, devemos buscar o conhecimento, o preparo e o olhar humanizado para essas perdas, que sabemos bem, não são fáceis. Ao enfrentar
uma perda gestacional, o casal precisa saber que não está sozinho e que pode
encontrar forças na família, nos (as) amigos (as), na equipe médica e em outras
pessoas de sua confiança. Cada caso deve ser avaliado pelo (a) médico (a), que
definirá com os envolvidos o momento ideal para tentar a próxima
gestação.
(*) Ginecologista com atuação em reprodução humana.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/11/2022. Opinião. p. 16.
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