Por Leandro Vasques (*)
Sou de
uma família de professores, cuja paixão pelo magistério naturalmente
contagiou a todos os filhos. Meu pai, Antônio Vasques, um titulado estatístico
e professor da UECE, e minha mãe, França Vasques, uma devotada pedagoga e
professora concursada da rede municipal de ensino.
O exemplo
fez com que nós, os três filhos, nos tornássemos apaixonados
pelo exercício da docência. Aliás, é o exemplo a grande arma dos
professores.
Lembro-me
de uma estória que serve para demonstrar que todos os dias, pensemos que, ao
tomarmos uma singela atitude, podemos chegar a revolucionar a vida dos nossos
aprendizes. Estórias inspiram, e esta reforça a importância dos
mestres por toda a nossa vida:
- Olá,
professor. Fui seu aluno há muitos anos. Lembra-se de mim?
-
Infelizmente, não. O que anda fazendo?
- Hoje
também sou professor, graças ao senhor.
E contou a
sua história de inspiração:
- Certo dia
um colega de sala chegou com um relógio novo muito bonito, e eu resolvi
roubá-lo. Tirei do seu bolso sem que ninguém visse. Quando ele percebeu, contou
para o senhor, que indagou se alguém havia visto o relógio. Ninguém se
pronunciou, tampouco eu. Então o senhor disse que iria revistar-nos um a um e
pediu a todos os alunos que permanecessem de olhos fechados. Assim foi feito.
Quando chegou até mim, encontrou o relógio, mas continuou a revistar todos os
colegas. Nenhum colega soube quem tinha sido o ladrão, e o senhor nunca me
falou nada a respeito. Sequer me deu uma lição de moral, mas eu entendi muito
bem a mensagem. Não se lembra mesmo de mim?
- Bem, eu
me lembro do episódio, do relógio roubado, mas não teria como me lembrar de
você, pois eu também fechei meus olhos ao revistar os alunos.
Esta é a
essência do ensino: se para corrigir você precisa humilhar, você não sabe
ensinar.
Além de
enaltecer e aplaudir os professores e professoras de todo o Brasil,
quero também chamar a atenção de todos para a necessária valorização deste
profissional que, além de ensinar, põe a própria vida como exemplo para
arrastar pessoas, pois como afirma o adágio: "A palavra convence, o
exemplo arrasta".
(*) Advogado, mestre em
Direito pela UFPE e diretor da Academia Cearense de Direito.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 21/10/22. Opinião, p.22.
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