Por Pe. Vanderlúcio Souza (*)
A Igreja Católica vive nas últimas décadas o que o papa
emérito Bento XVI classificou como "primavera eucarística".
Várias expressões eclesiais redescobriram a centralidade do culto Eucarístico.
A devoção à Missa diária se tornou uma prática de milhões de pessoas. Somente
na Arquidiocese de Fortaleza, ao menos 1200 celebrações Eucarísticas são
presididas a cada domingo. A Comunidade Católica Shalom mantém
capelas com 24 horas de adoração Eucarística.
Esse "Avivamento Eucarístico" ganha relevo na
Solenidade de Corpus Christi, sempre comemorado na quinta-feira após a
Solenidade da Santíssima Trindade. Procissões, bênçãos e Missa integram a
programação do dia festivo, na Arquidiocese de Fortaleza celebrada em suas 141
paróquias.
O que poucos sabem é que esta solenidade surgiu a partir da
experiência mística de uma mulher que viveu no início do século XII. A
jovem Juliana de Liège, freira nascida em Liége na Bélgica, aos 16 anos teve
uma visão na qual a Lua brilhava em seu esplendor, contudo, uma faixa escura
abraçava aquele astro diametralmente.
Juliana teve o entendimento espiritual de que a lua era a vida
da Igreja na Terra e a cinta escura indicava a ausência de uma festa litúrgica
dedicada à Santíssima Eucaristia, sempre fervorosamente celebrada e adorada na
cidade de Liége. A jovem conservou aquela visão por muito tempo até que chegasse
ao Bispo de Liége que declarou a Festa pública à Eucaristia em sua
Diocese
Anos mais tarde, também defensor da causa de Corpus Christi,
o padre Tiago Pantaleão de Troyes, que conheceu Juliana quando diácono, eleito
papa com o nome Urbano IV, em 1264, instituiu a solenidade do Corpus
Christi como festa de preceito para a Igreja em todo o mundo. Foi este
mesmo papa que pediu ao teólogo Tomás de Aquino que compusesse os
textos do ofício litúrgico da nova festa, poesia e teologia que se escuta até
os dias de hoje nas ruas de norte a norte do mundo nesta Solenidade. Como na
vida e na encarnação do Verbo, tudo se desenvolveu com o sim de uma mulher.
(*) Jornalista e Sacerdote recém-ordenado. Coordenador do Setor de
Comunicação da Arquidiocese de Fortaleza.
Fonte: O Povo, de 7/03/2023. Opinião. p.18.
Nenhum comentário:
Postar um comentário