Chefe de cerimonial do governo de
SP revela gafes no Palácio dos Bandeirantes
Daniela Lima, de São Paulo
O ex-governador José Serra (PSDB) não sabe, mas em 2007
serviu um brunch para autoridades da área ambiental sobre um lençol usado antes
para cobrir uma maca de massagens do ex-governador Mário Covas, morto em 2001.
De tecido estampado em verde e amarelo, o lençol foi
confundido com uma toalha de mesa pelo caseiro do Palácio do Horto Florestal,
onde Covas costumava repousar.
O episódio é descrito num livro recém-lançado pela chefe
do cerimonial do governo de São Paulo, Claudia Matarazzo, Gafes no Palácio. Ela
diz que nunca contou o episódio a Serra. Agora ele vai saber pelo livro,
conclui.
A obra é uma coletânea de episódios embaraçosos ocorridos
desde que ela começou a organizar os eventos do governo estadual, há seis anos.
Em outro capítulo sobre Serra, de quem é amiga, ela diz
que pediu demissão na véspera de uma visita do príncipe herdeiro do Japão,
Naruhito, após receber e-mails cheios de críticas de Serra.
Claudia Matarazzo conta no livro que um descuido de uma
funcionária deixou uma visita da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, ao
Palácio dos Bandeirantes sem registro no livro oficial de visitas do governo
estadual.
A calígrafa do palácio escreveu errado o nome da
presidente. Cristina Quiche! Assim mesmo, prima das tortas: quiche lorraine,
quiche de queijo..., escreve Claudia.
A assinatura da autoridade visitante no livro é exigida
como parte do protocolo, mas o cerimonial dispensou-a dizendo que a calígrafa
não havia concluído seu trabalho a tempo. Depois que a presidente argentina foi
embora, Claudia cortou com estilete a página comprometedora.
Quando o papa Bento 16 esteve no Brasil, em 2007, o
Vaticano avisou que não era de bom tom que as autoridades usassem adereços
vermelhos como as vestes do líder religioso. Não adiantou. No dia, Serra e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usaram gloriosas gravatas vermelhas ao
lado do pontífice.
Antes, o cerimonial do palácio havia passado por outro
apuro na mesma visita. Um dos dois veículos abertos trazidos para o papa usar
em passeios ao ar livre enguiçou.
Numa operação sigilosa, já que não poderia haver qualquer
risco à segurança do veículo e do papa, o governo acionou o dono de uma
concessionária da Mercedes-Benz para resolver o problema.
Uma visita do ex-presidente americano George W. Bush é
descrita com ares de desespero em alguns momentos, tamanho o aparato de
segurança que o acompanhava.
É de bom tom que autoridades visitantes sejam
presenteados, e o mimo encomendado pelo governo para Bush foi um chapéu como os
de Indiana Jones, produzido no interior do Estado. Não deu certo. Quando os
seguranças americanos decidiram inspecionar o presente, cães farejadores
babaram sobre o objeto e o estragaram.
ESCOLTA DO AMOR
Em 1997, o ex-presidente americano Bill Clinton esteve em São Paulo. À noite,
quis jantar com a mulher, Hillary. Comemorariam o aniversário de casamento.
Exigiu música. Levá-los a um restaurante era inviável. A boate do hotel foi
fechada, uma banda foi contratada e os dois tiveram sua noite romântica alheios
ao pequeno exército que fazia a segurança na porta.
NA CRACOLÂNDIA
Em visita a São Paulo, a chanceler alemã Angela Merkel
ficou mais de três horas presa no trânsito com seu comboio, tentando ir do
Aeroporto de Guarulhos até o Palácio dos Bandeirantes. O trânsito deixou a
comitiva enlouquecida, especialmente quando a chanceler atravessou a região da
Luz e avistou a cracolândia. Ao chegar ao palácio, Merkel reclamou com Serra do
que classificou como "falta de organização".
GAFES NO PALÁCIO
Autora Claudia Matarazzo
Editora Planeta
Quanto R$ 30 (224 págs.)
Editora Planeta
Quanto R$ 30 (224 págs.)
Fonte: Notícias
UOL, 25/12/2012.
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