Por Ricardo
Alcântara (*)
Ao
longo da vida, li pouco sobre o assunto – Darcy Ribeiro, Paulo Freire e quase
nada mais. Esse quase nada que não sei sobre Educação, aprendi como
estudante. Mas deu para descobrir o que Educação não é. No mais, tenho
lido os jornais.
Conhecer
é um ato de envolvimento: se obtém conhecimento quando a informação ou
experiência desperta interesse. O irrelevante não fixa. Logo, há de se conduzir
o aprendiz a Pensar como um exercício realizador – prazeroso mesmo. O velho
tesão.
Sem
motivação, não há aprendizagem. Claro, um professor motivado não é o bastante,
mas é indispensável. O que impede que algo aparentemente tão simples se realize
são, todos sabem, fatores que precedem o momento em sala de aula.
Não
bastaria, como o fez o governador certa vez, cobrar dos mestres amor pelo que
fazem: amor é a mais inútil de todas as cobranças e os homens públicos deste
país não se encontram em adequadas condições morais de fazê-la aos seus
cidadãos.
Como
exigir dedicação ao cumprimento de metas sem qualificá-los e remunerá-los na
proporção do seu desempenho? Façam desta uma profissão valorizada e cidadãos
habilitados se dedicarão a ela. É o suficiente? Não: é o indispensável.
Não
é preciso ser especialista para constatar: nações que, em tempos recentes,
obtiveram saltos de qualidade no curso de uma geração adotaram medidas que
atendem a esta equação determinante: bons professores, boa educação.
Só
assim será possível superar compensações adquiridas na franja ressentida dos interesses
corporativos (ora, se você não ganha o que merece, mude de emprego. Se decidiu
ficar, lute pelos seus direitos, mas cumpra pelo menos a carga horária).
Essa
revolução custa muito dinheiro. Mas bem menos do que temos investido na
perpetuação da nossa ignorância. Ouvi falar de um novo país. Até aqui,
parolagem. Façam o que foi feito onde deu certo – da Educação, a prioridade – e
acreditarei.
Aqui
em Fortaleza se deveria receber como boa, a notícia de que Ivo Gomes vai pegar
no giz, porque tem peso político suficiente para, se quiser, exigir (o termo é
este mesmo) do prefeito Roberto Cláudio as boas premissas que o desafio requer.
Há
receio de que o afamado destempero dificulte seu trabalho. Fracassará, caso não
compreenda que o aguarda papel de liderança porque, diante do necessário, o que
tem a oferecer é muito pouco. Disseminar boa vontade é uma tarefa paciente.
Que
seja ele mesmo um homem de boa formação não garante que o prefeito esteja
disposto a concentrar recursos e dobrar resistência por bons resultados no
setor. Fernando Henrique também era um “polido” e deixou a universidade daquele
jeito.
Mas
ao colocar na condução da pasta um nome com exposição política, Roberto Cláudio
riscou o chão com navalha: passa a ser mais decisivo para a avaliação do seu
governo o e o destino de sua imagem tudo que possa acontecer por lá.
Até
onde a escolha o entusiasma ou incomoda, é de foro íntimo, mas o prefeito não
está alheio aos riscos de indicar um quase indemissível colaborador. Mas é
assim mesmo que a coisa funciona: ao vencedor, as batatas. Inclusive as
quentes.
(*) Jornalista
e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre
é cão
sem dono. Se gostou, passe adiante.
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